Questões do coração
por Barbara DemerovAlém de se passar em um período que possui muita força dentro do cinema (a 2ª Guerra Mundial), o novo filme dos irmãos Taviani reafirma a já conhecida sensibilidade da dupla italiana. Uma Questão Pessoal é um filme movido a emoções e lembranças, e tanto sua direção como sua fotografia são trabalhadas com esmero.
Na história, somos transportados facilmente àquela época acompanhando a trajetória do protagonista Milton (Luca Marinelli) em busca de respostas sobre sua ex-amante, Fulvia (Valentina Bellè), e seu amigo Giorgio (Lorenzo Richelmy), que aparentemente também mantinha um relacionamento em segredo com a jovem. Especialmente no caso de Luca Marinelli, as atuações são consistentes e transmitem muito bem os sentimentos de seus respectivos personagens.
Pela ótica de Milton e o auxílio de belas transições temporais que são facilmente identificadas pela ausência ou presença de cor, sentimos o peso entre presente e passado. Seja pela guerra ou pela mudança de sentimentos e pensamentos, muito foi modificado pelo tempo – mesmo que, por fora, algumas estruturas continuem iguais.
Cada plano carrega uma beleza encantadora ou trágica, tal como demonstram algumas cenas marcadas pela guerra. Mesmo não adicionando camadas à trama principal, certas passagens do filme são importantes para vermos o mesmo que Milton vê em sua caminhada. Detalhes que dão um toque de realidade ainda mais forte e que ainda promove a aproximação com o protagonista com exatidão.
Com a marcante presença da música tema de O Mágico de Oz e uma fluidez formidável da narrativa, Uma Questão Pessoal poderia se enquadrar facilmente como um filme produzido na Era de Ouro do cinema, mas consegue ir além: esta é uma pérola recente que consegue emanar ares clássicos, em grande parte pela elegância da dupla ao guiar a câmera.