Uma combinação de erros
por Barbara DemerovEm diversos momentos de Medo Viral, personagens conversam com um ser desconhecido via aplicativo em seus celulares. Não há explicação sobre a origem deste tal aplicativo ou por quê os jovens aceitam usá-lo - eles apenas acham que o app entrega uma espécie de assistente tecnológico. No entanto, essa "Siri macabra" tem muito mais a oferecer do que boas dicas e atualizações.
Medo Viral coloca no liquidificador inúmeras referências cinematográficas do terror e tenta impactar a qualquer custo, seja com o estilo de câmera ou com os famigerados jump scares. Porém, os diretores Abel Vang e Burlee Vang possuem tudo e nada em suas mãos. O filme caminha para fins repletos de clichês, resultando em uma salada mista de péssimas escolhas e personagens fracos.
Não há base para a história, então a única saída é a tentativa de incrementá-la com o máximo de situações óbvias que estiverem ao alcance. A construção do suspense, sempre muito óbvia, nunca é completamente concretizada. Em seu lugar, é a comicidade que dá as caras. Os inúmeros gritos e efeitos de som evidenciam a falta de criatividade e, sobretudo, de força.
Além disso, a maquiagem dos seres sobrenaturais, que em muitos casos de filmes do gênero resultam no terror de fato (como It - A Coisa, O Exorcista, Invocação do Mal), dão um ar completamente amador e infantil.
O resultado disso tudo é um filme fraquíssimo e que não aterroriza nem um pouco. O fato de a entidade se manifestar pelo celular e conversar com os personagens (novamente, da maneira mais natural possível) torna a experiência risível. No mais, os jovens atores também são mal utilizados e apenas proferem frases tão óbvias que é até possível adivinhá-las.
O terror geralmente funciona quando há embasamento e motivo para o espectador crer que o que está acontecendo em tela de fato poderia ser real. Em Medo Viral, por mais que haja a tentativa de assustar, a ausência de originalidade da história ultrapassa qualquer boa intenção.