Com o sucesso de crítica e público de “Loucuras de Verão“ (1973), o diretor George Lucas conseguiu depois da recusa de alguns estúdios, que a Fox financiasse seu projeto mais ambicioso, o primeiro filme da saga Star Wars.
Com uma sacada genial e quase premonitória, o diretor abriu mão de seu salário em troca de total controle sobre a obra e mais os direitos de merchandising, fato bem incomum para a época.
Foi o terceiro longa-metragem da carreira de Lucas, que assina também o roteiro excepcional, inventivo e com personagens marcantes e populares até hoje.
O jovem elenco foi excepcional, principalmente Mark Hamill (Luke Skywalker) em seu primeiro longa-metragem de cinema, após estrear como um dos dubladores da animação “Wizards” de Ralph Bakshi, lançada também em 1977. Carrie Fisher (Princesa Leia Organa) em sua segunda aparição nos cinemas, com um grande papel feminino em que atuou muito bem. Harrison Ford (Han Solo) já havia sido dirigido por Lucas em “Loucuras de Verão“ (1973) e participado também do elogiado “A Conversação” (1974) de Francis Ford Coppola, conseguindo aqui sua grande chance ao estrelato, como o anti-herói mais popular do cinema.
O grande Alec Guinness (Ben/Obi-Wan Kenobi) como era de se imaginar, tem uma atuação brilhante e extremamente marcante. Outro ator britânico que merece ser mencionado é Peter Cushing (Grand Moff Tarkin), famoso pelas produções de horror dos Estúdios Hammer, fazendo um dos vilões com muita competência e talento.
Dos muitos ícones da saga, Darth Vader é um dos mais populares de toda a história do cinema, fazendo parte da cultura popular desde sua estreia. Dois nomes foram responsáveis pelo notável personagem, David Prowse emprestando seu porte físico e James Earl Jones emprestando sua poderosa e inconfundível voz.
Outros grandes personagens apresentados foram: C-3PO (Anthony Daniels) e R2-D2 (Kenny Baker), como os dróides/robôs mais queridos do cinema e o peludo e mal-humorado Chewbacca (Peter Mayhew).
Os efeitos visuais foram revolucionários, sendo o segundo longa-metragem com o selo da famosa Industrial Light & Magic, fundada por Lucas em 1975. Os grandes e geniais pioneiros, por traz dos magníficos efeitos visuais foram: John Stears, John Dykstra, Richard Edlund, Grant McCune & Robert Blalack. Ainda em início de carreira, o grande maquiador Rick Baker foi um dos responsáveis pela exótica, perfeita e extraordinária maquiagem, já dando sinais do que viria a ser. Apesar de pouco comentada a fotografia de Gilbert Taylor, merece ser destacada também, principalmente nas cenas na Tunísia.
Umas das coisas mais interessantes e importantes foram os extraordinários cenários dos diretores de arte (John Barry, Norman Reynolds, Leslie Dilley & Roger Christian), que vão dos cenários no deserto da Tunísia aos interiores das espaçonaves.
O figurinista John Mollo estreou no cinema, produzindo uma variedade incrível de trajes, que vão do comum ao exótico, com muita criatividade e talento.
A trilha-sonora criada pelo grande John Williams é uma das mais famosas e icônicas da história do cinema. Star Wars não seria tão importante, não teria tanto impacto e popularidade, sem a extraordinária e clássica trilha-sonora do maestro Williams.
O som é o responsável por grande parte da emoção de um grande filme como este, dando vida às espetaculares imagens projetadas. Os grandes responsáveis foram: Don MacDougall, Ray West, Bob Minkler & Derek Ball. Fazendo parte desta área também, Ben Burtt foi o responsável pelos extraordinários efeitos sonoros, dando vozes a várias criaturas, alienígenas e robôs.
Com edição ágil e perfeita, o trio de editores (Paul Hirsch, Marcia Lucas & Richard Chew), teve a árdua tarefa de ver o que funcionava ou não, tudo é lógico supervisionado por Lucas, que certamente acompanhava o trabalho de sua esposa Marcia.
O filme foi indicado para dez Oscars, incluindo os de Filme, Diretor (George Lucas), Roteiro (George Lucas), Ator Coadjuvante (Alec Guinness) e venceu sete (Edição, Direção de Arte, Figurino, Efeitos Visuais, Trilha-Sonora, Som e o prêmio honorário pelos Efeitos Sonoros). Um feito e tanto para um gênero que geralmente é desprezado nas premiações.
O filme também faz parte da lista dos 100 maiores filmes de todos os tempos, pelo Instituto Americano de Cinema.
Com orçamento de 11 milhões de dólares, o filme faturou impressionantes 775 milhões de dólares, contando com os relançamentos.
Com o sucesso George Lucas pode dar continuidade a série, com este filme ganhando o subtítulo de “Uma Nova Esperança” e sendo o Capítulo IV da grande saga espacial.
Com os direitos autorais em mãos, Lucas acabou modificando cenas no relançamento da saga em 1997, usando a tecnologia da época para isso. Para os fãs mais puristas, foram totalmente desnecessárias, já que a saga fez fama e dinheiro da forma que foi concebida originalmente.
Apesar disso, este que foi o primeiro filme lançado nos cinemas, merece ser chamado de clássico e foi um divisor de águas, para o gênero fantasia/ficção que sempre eram vistos como filmes B e de baixa qualidade. Jedi hoje em dia, é uma palavra tão comum, que é impossível alguém não ter escutado.
O império galáctico construído por Lucas, não perde seu impacto e agora com 35 anos de sua estreia nos cinemas, mais os bilhões arrecadados com bilheterias e merchandising, mostram que a “Força” continua com Lucas e sua obra, apesar das constantes modificações, conta com uma crescente legião de fãs no mundo todo.
Uma obra essencial do cinema, pela sua importância no desenvolvimento dos efeitos visuais pré-era digital, pela sua imensa popularidade e também como um dos melhores exemplos de escapismo, com uma total imersão ao universo criado por Lucas, com seus personagens icônicos e lugares fantásticos.