(Insta: @cinemacrica) - A temática central confere fôlego a um debate não alheio àqueles minimamente digitalizados. A indústria editorial foi mais uma das que passou por profundas transformações decorrentes das mudanças de hábitos causados pela vida conectada. Nesse contexto, um elenco francês de peso encabeçado por Guillaume Canet, Juliette Binoche e Vincent Macaigne dramatizam alguns dilemas associados à transição do consumo de conteúdo literário físico para o digital. O editor Alain (Canet) sente o crescente sabor amargo da contração dos lucros dessa indústria. Para agravar, um dos seus escritores, Vincent (Macaigne), que além de amigo também figura como um dos autores mais tradicionais da editora, apresenta perda de popularidade e a obsessão de publicar um novo livro. A compreensão da duplicidade proposta por Olivier Assayas, num primeiro momento, pode se aplicar justamente à dificuldade de conciliação entre interesse profissional e preservação da amizade. Mas, essa perspectiva pode saltar das páginas dos livros e avançar sobre a vida amorosa dos personagens principais, Alain e Vincent, e suas respectivas esposas. Há um interessante paralelo sobre a prática e discussão conjugal acerca da moralidade do adultério. Também não seria absurdo entender que a vida dupla remeta à proposta do decadente escritor em não dissociar sua vida pessoal da construção dos seus personagens literários. Mesmo sendo generoso nos exercícios, percebe-se que não há genialidade temática. Ainda assim, Assayas consegue elevar a obra por meio do uso de textos envolventes numa cadência magnética. É verdade que essas qualidades estão mais pronunciadas no início e perdem força gradualmente, mas são o suficiente para tornar o filme uma experiência válida.
Vidas duplas. As pessoais, as profissionais e, extrapolando o indivíduo, as digitais. Minha nossa! As discussões (É um filme francês como já não se vê com frequência: muita discussão.) que se desenrolam são indispensáveis nessa nossa época em que o digital já se firmou, a tecnologia orienta e/ou impõe procederes e as pessoas têm as suas mentes algemadas aos algoritmos que, passivamente, aceitam. Tudo ainda está em transformação. No filme nada é colocado como definitivo. Sacode o espectador, tirando-o da inércia do comodismo para que tome as rédeas da sua vida real. Basta pensar.
Vidas duplas. As pessoais, as profissionais e, extrapolando o indivíduo, as digitais. Minha nossa! As discussões (É um filme francês como já não se vê com frequência: muita discussão.) que se desenrolam são indispensáveis nessa nossa época em que o digital já se firmou, a tecnologia orienta e/ou impõe procederes e as pessoas têm as suas mentes algemadas aos algoritmos que, passivamente, aceitam. Tudo ainda está em transformação. No filme nada é colocado como definitivo. Sacode o espectador, tirando-o da inércia do comodismo para que tome as rédeas da sua vida real. Basta pensar.
Um drama OK, pautado intensamente no diálogo, conta com boas atuações dos atores principais. A história não é grande coisa e não prende muito a atenção, o título me fez esperar mais do filme.
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