O pianista Henry Cole (Patrick Stewart), protagonista de "A Última Nota", filme dirigido por Claude Lalonde, é um homem de poucas palavras. Ele aprendeu, desde cedo, a transmitir os seus sentimentos ao tocar as teclas do piano e ao dividir com plateias ao redor do mundo o dom que ele possui para a música. Henry é um grande pianista e vive um momento delicado após a perda de sua esposa.
O roteiro de "A Última Nota", que foi escrito por Louis Godbout, acompanha a tentativa de retorno de Henry aos palcos. O pianista lida com uma crise de ansiedade e com o medo de enfrentar o público. O encontro com a jornalista Helen Morrison (Katie Holmes), ela própria uma pianista, com o objetivo de escrever um artigo sobre a vida e a obra de Henry, irá ajudá-lo a superar todos esses obstáculos.
Uma coisa me chamou muito a atenção em "A Última Nota": a forma como a trajetória de Henry é construída. Estamos diante de um homem que, diante da dor da perda e do sentimento de culpa, acaba por sabotar a si próprio ao perder por completo o gosto naquilo que mais lhe dava prazer na vida (tocar). Ao entrar em contato com Helen, a lição que ele receberá é a de transformar a dor em algo positivo, e a enfrentar os seus medos mais íntimos. E isso só será possível quando Henry se permite visitar o seu mais profundo íntimo.
Por isso mesmo, "A Última Nota" é um filme de muitos silêncios e de paralelos interessantes entre o poder da música e a presença de bonitas paisagens naturais, que representam o turbilhão de sentimentos que existe dentro de Henry. É um belo e sensível filme, pronto para ser descoberto no catálogo da Netflix Brasil.