Com seu sétimo longa-metragem, Ang Lee mudou radicalmente de gênero e estilo, com o “Wuxia”, o tradicional gênero chinês de artes marciais e espadas.
O roteiro foi adaptado do livro de Du Lu Wang, pelos chineses Hui-Ling Wang, Kuo Jung Tsai e pelo americano James Schamus, colaborador de Lee desde sua estreia com “A Arte de Viver” (1992), aqui também com a função de produtor executivo. O trio fez uma ótima adaptação, com todos os elementos tradicionais e místicos do Wuxia, aliados pelos ótimos personagens.
Após três produções nos E.U.A., o veterano Chow Yun-Fat (Mestre Li Mu Bai) voltou ao cinema chinês para o 78° longa-metragem de sua carreira, com uma grande e forte atuação.
Mais conhecido pelos filmes de ação do diretor John Woo, que não possuem cenas com artes marciais, o ator que também não tinha muita experiência e habilidades para isso, passou por um extenso treinamento e preparação para o papel.
Michelle Yeoh (Yu Shu Lien) está magnífica em um dos melhores papéis de sua carreira, este foi seu segundo trabalho após sua estreia no cinema ocidental com “007 – O Amanhã Nunca Morre” (1997) e foi o 21º longa-metragem de sua carreira. Ao contrário de seu colega, Michelle participou de vários filmes de artes marciais, mas mesmo assim aprimorou suas habilidades para este extraordinário filme.
Um dos maiores destaques do elenco é a bela e extremamente talentosa Zhang Ziyi (Jen Yu), roubando cenas em seu segundo longa-metragem no cinema. Em grandiosa atuação e com cenas espetaculares, uma das coisas mais impressionantes é saber que a atriz não tinha experiência com artes marciais.
Dos coadjuvantes destaco o novato Chen Chang (Luo Xiao Hu) em seu 4º longa-metragem e a veterana Cheng Pei-Pei (Jade Fox), ambos com ótimas atuações.
Amparada pelas belíssimas paisagens chinesas, a fotografia de Peter Pau é de encher os olhos de tão espetacular. Timmy Yip além de diretor de arte, foi também responsável pelos figurinos, fazendo os dois trabalhos com perfeição e com grande beleza.
O mestre Yuen Woo-Ping foi o responsável pelas grandiosas e espetaculares coreografias de artes marciais, fazendo o impossível parecer tão real quanto belo. Com sua equipe, os atores passaram longas horas treinando e fizeram grande parte de suas cenas pendurados em cabos de aço.
Os efeitos visuais foram necessários e usados na medida certa, incluindo na remoção de fios e cabos que suspendiam os atores. Foi uma excelente realização dos técnicos Leo Lo & Rob Hodgson.
A edição de Tim Squyres é de muita competência, principalmente nas espetaculares e rápidas cenas de artes marciais. Os efeitos sonoros, que vão de uma simples telha se quebrando ao de espadas se chocando, foram perfeitamente executados pelo técnico Eugene Gearty e equipe.
O compositor Tan Dun fez uma belíssima e memorável trilha-sonora, suave em alguns momentos e empolgante em outros. Além de compor a bela canção “A Love Before Time”, ao lado de Jorge Calandrelli & James Schamus, com interpretação da bela cantora chinesa CoCo Lee.
O filme originalmente seria falado em inglês, mas o bom senso prevaleceu e Ang Lee acabou optando pelo mandarim como idioma, com isso alguns membros do elenco que não tinham fluência no idioma, tiveram que ter aulas intensivas.
Sua estreia foi em maio de 2000, em Cannes e desde então sua trajetória foi marcada por recordes e grandes prêmios.
O filme custou 17 milhões de dólares e rendeu mais de 200 milhões de dólares no mundo todo.
É até hoje o filme estrangeiro com mais indicações ao Oscar, com surpreendentes 10 indicações, incluindo a de Melhor Filme (sendo o 3º filme estrangeiro indicado nesta categoria), Diretor (Ang Lee) e Roteiro. Sendo vencedor em quatro categorias: Filme Estrangeiro, Trilha-Sonora, Fotografia & Direção de Arte.
Com certeza mereceu todo barulho e continua sendo um dos melhores e mais memoráveis trabalhos do excelente diretor Ang Lee.