Triângulo da tristeza
Suécia, 2022
Numa espécie de "dramédia de erros" acrescida de um pouco do tempero de Parasita (o filme ganhador do Oscar 2020) e uma pitada de White Lotus (a série da HBO), Triângulo da tristeza traz novamente a temática white people problems. Só que com tintas mais carregadas. Apesar de ser antecedida por títulos de peso e prestígio, essa outra sátira social atrai e entretém também (com menos charme, no entanto).
Um grupo de milionários discute frívolamente assuntos como política, igualdade de classes, raças e gêneros a bordo de luxuoso iate, enquanto faz exigências arbitrárias e pedidos esdrúxulos aos funcionários.
Ao mesmo tempo, o barco dá sinais evidentes de que não está sendo bem conduzido.
Viajando com eles, o casal Yaya e Carl, não são ricos. Mas jovens, lindos, fashionistas e influencers. Ganharam as passagens numa cortesia da agêcia de modelos da moça. Viram os queridinhos dos ricaços.
O comandante insano e depressivo, pouco se importa com o velejar do barco.
A tripulação, única preocupada com a loucura que aos poucos vai tomando conta do navio, limpa, serve e agrada os bon vivants.
Enquanto naufragam (literalmente), os ricos passam mal, dão vexame, perdem a vergonha, a classe e o senso do ridículo (se é que houve algum dia).
O navio vem a pique com 5 passageiros e 3 tripulantes sobreviventes.
Apesar de ainda serem a maioria na ilha onde vão parar, os endinheirados não sabem fazer coisa alguma. A camareira sabe nadar, pescar e cozinhar. Ao perceber que está no comando, não se deixa intimidar. Impõe regras e exigências.
Um pequeno matriarcado se instala e segue-se um novo modo de sobrevida, recheado de controvérsias, ironias, humor cáustico e caótico.
Desfecho aterrador e bastante previsível, sem no entanto ofuscar o interesse pela narrativa.