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    À Espreita do Mal
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    À Espreita do Mal

    Quando as máscaras caem...

    por Bruno Botelho

    O suspense e o terror são dois dos gêneros mais populares do cinema, principalmente, por causa do clima de tensão que eles são capazes de criar em suas produções. Porém, muitos filmes se atém apenas em tramas superficiais que justifiquem seus sustos fáceis ou reviravoltas mirabolantes. Felizmente, o filme de suspense e terror À Espreita do Mal, de 2019, foge dessas narrativas convencionais com uma história de mistério intrigante e que tira o público de sua zona de conforto. 

    O desaparecimento de um garoto de 12 anos faz com que o investigador principal Greg Harper (Jon Tenney) lute para equilibrar a pressão da investigação e seus problemas conjugais com sua esposa Jackie Harper (Helen Hunt). A família enfrenta momentos de grande tensão, além de ter que lidar com a chegada de uma presença maliciosa em sua casa, colocando o filho do casal, Connor Harper (Judah Lewis), em perigo mortal.

    Em À Espreita do Mal, as aparências enganam os personagens e o público

    Podemos dizer que À Espreita do Mal é, acima de tudo, um filme sobre aparências e como elas enganam. Com isso, o diretor Adam Randall e o roteirista estreante Devon Graye aproveitam para prender o público e subverter suas expectativas em uma narrativa repleta de reviravoltas chocantes.

    A primeira parte da produção estabelece um suspense psicológico criando uma atmosfera desconfortável envolta da personagem principal Jackie Harper. Ela está passando por um momento conturbado e triste em sua vida, com seu marido detetive da polícia Greg e seu filho adolescente Connor tratando ela de forma grosseira por causa de uma traição vindo de sua parte. Assim, esse clima frio e melancólico é construído ao mesmo tempo em que a polícia investiga o desaparecimento misterioso de um garoto de 12 anos.

    É nesse cenário que começam a acontecer uma série de fenômenos estranhos na casa dos Harpers, como fotos desaparecendo das molduras, talheres sumindo e televisão ligando sem motivo aparente, que a família acaba atribuindo uns aos outros. Conforme crescem as suspeitas de que algo maligno está perseguindo os Harpers em sua própria casa, À Espreita do Mal subverte e surpreende o público por volta dos 45 minutos de exibição, quando dois novos personagens adolescentes, Mindy (Libe Barer) e Alec (Owen Teague), aparecem para mostrar como nada e ninguém é o que parece ser na trama.

    História puxa o tapete do público com revelações intrigantes

    O desenvolvimento psicológico da primeira parte do filme é importante para que na segunda parte da produção, o diretor Adam Randall consiga puxar o tapete do público de forma inesperada, mas eficaz, e caminhar a história para revelações inteligentes e intrigantes que vão se formando aos poucos até o final. Nessa parte, o roteiro de Devon Graye fez um bom trabalho ao explorar diferentes pontos de vista dos personagens, que conectam todas as pontos soltas e deixam em alerta quem está assistindo.

    Randall faz um bom trabalho de câmera, com uso de câmeras lentas e planos abertos para explorar as ambientações e criar uma atmosfera mais densa. Muito disso vem da contribuição do diretor de fotografia Philipp Blaubach, que utiliza uma paleta de cores mais frias, até mesmo acinzentadas, para reforçar o clima depressivo e opressivo da obra. O elenco, no geral, não traz atuações de destaque, mas todas são eficientes para fazer de seus personagens instigantes. Helen Hunt é a melhor performance do filme, ela torna convincente a carga emocional pesada de Jackie.  

    O filme algumas vezes tropeça por colocar as reviravoltas abruptamente, mesmo que no final tudo acabe se encaixando. Apesar da construção inicial densa e contemplativa ser necessária para o bom desenvolvimento psicológico da narrativa, ela é arrastada em alguns momentos e pode não agradar todo mundo – especialmente quem estiver procurando um suspense ou terror enervante do início ao fim.  

    À Espreita do Mal é um dos filmes de mistério e terror mais inventivos e bem executados dos últimos anos por utilizar de uma trama ousada e chocante, que rompe a todo instante com as expectativas que o público cria sobre a história e seus personagens. Acima de tudo, é uma produção sobre famílias e pessoas formadas sobre segredos sombrios, que vestem máscaras para esconder sua verdadeira aparência. Mas uma hora as máscaras caem...

     

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