Tanto Jânio Quadros quanto João Goulart parecem meros figurantes da história, principalmente diante do extremo protagonismo tomado por Leonel Brizola – muito bem interpretado pelo já falecido Leonardo Machado, em seu derradeiro papel. É importante notar que o filme contou com a consultoria de vários membros da família do político e, portanto, apresenta um forte viés da visão do seu protagonista, que claramente atua como o herói livre de defeitos, com o intuito de defender a justiça e respeitar a constituição a qualquer preço. Um símbolo de caráter e bom-mocismo nacional. O herói que a gente precisa.
Com um personagem principal tão perfeito e moralmente incontestável, a história precisou criar um romance de novela ao redor dos acontecimentos para ter alguma coisa pra contar. Na falta de algo mais criativo, meteram um triângulo amoroso envolvendo a Cléo Pires (que, tal qual Beyonce, agora é só Cleo, ela tirou o acento e o sobrenome). A atriz, porém, apresenta em tela o mesmo carisma de uma pastilha efervescente. Sua atuação só chama atenção com a exibição gratuita de peitinhos (que nem isso é mérito dela, já que são provavelmente de uma dublê).
O romance aproveita para encher de ficção os fatos históricos – algo que eu não tenho problema nenhum em aceitar, desde que seja bem motivada, o que não acontece. Uma pena que a história seja poluída com um enredo tão terrível, já que a produção é muito bem feita. A década de 60 é bem retratada, incluindo filmagens feitas dentro do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.
Provavelmente, durante o corte final, o filme não estava ruim o suficiente para os padrões nacionais, então os produtores decidiram adicionar uma história paralela passada no tempo presente só para desperdiçar o talento de Letícia Sabatella, já que esses acontecimentos não adicionam NADA na trama e são tão interessantes quanto esperar o ônibus para o centro em um domingo chuvoso.
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