Confesso que passei o filme todo achando que a garotinha traumatizada era a filha adolescente do casal. Bom, em minha defesa devo alegar que é uma adolescente introvertida idêntica à criança, com um pai banana, inserida numa sequência que me levou a crer… enfim, esta confusão me fez achar o roteiro confuso e o filme horrível, mas depois que entendi que aquela menininha é a protagonista (Adelaide) tive certeza de que era isso mesmo.
Num mundo paralelo, todos nós temos um clone mal-acabado. Lembram do Bizarro, o clone o Super Homem?
Eles vivem nos zilhões de quilômetros de túneis abandonados sob os Estados Unidos (United States, cuja sigla é também o nome do filme "US").
Uma criança (que é a protagonista, e não a filha) tem uma experiência onde fez contato com seu clone e cresceu traumatizada. Beleza.
Os clones só se fodem, até que, em determinado momento eles resolvem sair da toca (da toca foi boa!) vestidos de vermelho, cada um com sua tesoura (tesoura???) para cumprir os objetivos:
1. matar seus originais e 2. dar as mãos numa grande corrente e fazer uma cara feliz (???)
É, já tá complicando… mas piora.
Os clones repetem os atos dos originais, e até sofrem as dores dos originais (o pai da família fere o clone quando ele fere a si mesmo, o menino faz seu clone entrar no fogo simplesmente se movimentando, etc). Então, pelo amor de Zeus, como que eles poderão matar uns aos outros sem também morrer, caralho!?
Eles vivem escondidos, e comem coelhos crus (!!??). E os coelhos, comem o que? O garoto pirotécnico bem que poderia usar seus poderes para inserir a tecnologia do cozimento na Clonelândia...
Os clones foram criados pelos humanos, e depois abandonados à própria sorte… certo, mas quem os continua criando hoje, já que tem um monte de crianças por lá?
E se sempre abaixo da vida terrena existirem túneis onde nossos clones estão vivendo a versão Thriller das nossas vidas (a cena em que os clones estão dentro de uma sala repetindo os movimentos da montanha russa e dos brinquedos do parque é realmente deprimente), então deve haver uma movimentação bem frenética nos subsolos dos aeroportos…
E se nossas versões paraguais tem sempre alguma deficiência em relação aos originais, porque é que justamente com a protagonista se dá o contrário? Sim, pois a grande sacada do roteiro é que ela foi trocada, raptada lá naquele evento traumático do início do filme, e a paraguaia viveu a vida boa dela. Mas daí, quem tem voz fumar 3 maços de Marlboro por dia e dança meio torta é a original?
Um roteiro confuso, cheio de buracos. Buracos não, crateras.
Segundo na carreira de um diretor consagrado após um total de um único filme.
Eu diria que é pretensioso, mas achei só ruim mesmo.
Dá até gosto de ver o esforço da crítica especializada tentando transformar esse embromado de ideias (algumas até boas) numa obra de arte.
Ah, a cena dos coelhos logo no início, e que culmina com o nome do filme é magnífica - é até onde recomendo que assistam.