Inspirado pela história de seus pais, o autor e ilustrador Raymond Briggs desenvolveu a graphic novel "Ethel & Ernest", que foi lançada em 1998. Tendo como base este livro, o diretor e roteirista Roger Mainwood criou, por sua vez, a animação "Ethel & Ernest", que foi lançada em 2016.
Como já dissemos, o filme acompanha a história dos pais de Raymond, desde quando eles se conheceram, pela primeira vez, em 1928; até o ano em que os dois desencarnaram, em 1971. Ao mesmo tempo em que conta a história de Ethel e Ernest (que são dublados por Brenda Blethyn e Jim Broadbent, respectivamente), a graphic novel e o filme também nos mostram a evolução histórica da sociedade britânica, através da Grande Depressão, da II Guerra Mundial, do advento da televisão, da ascensão do Partido Trabalhista ao poder, da chegada do homem à Lua, dentre tantos outros eventos importantes.
Pensando mais na figura de Ethel e de Ernest, como um casal, é importante a forma como a animação nos mostra a construção de uma história de amor, de companheirismo e de respeito. Ao iniciarem sua vida a dois, Ethel e Ernest vibram a cada nova conquista (seja na casa que montam com tanto esmero, seja nas suas vidas profissionais), se estimulam a crescerem juntos, se preocupam em serem bons pais, se atentam também a cuidar um do outro, porém, principalmente, fazem da amizade o alicerce do relacionamento deles.
A forma como Raymond (que, na animação, é dublado por Luke Treadaway) e, por consequência, a animação dirigida por Roger Mainwood enxergam Ethel e Ernest é muito bonita. Com a simplicidade de uma animação desenhada à mão, "Ethel & Ernest" acaba sendo uma descrição perfeita e inspiradora sobre a intimidade de duas pessoas comuns que construíram uma vida extraordinária. Para fazer uma analogia bem clara, "Ethel & Ernest" é a versão em longa-metragem (e tão emocionante quanto) da sequência inicial de "Up - Altas Aventuras", animação da Pixar dirigida por Pete Docter e Bob Peterson.