Fica claro para nós, desde o início de "Domando o Destino", filme dirigido e escrito por Chloé Zhao (vencedora do Oscar 2021 com "Nomadland"), que o seu protagonista, Brady Blackburn (Brady Jandreau), é uma daquelas pessoas que só sabe fazer uma coisa na vida. Para Brady, sua existência ganha um propósito quando ele está cavalgando, participando de rodeios, sendo o cowboy que ele é.
Quando Brady sofre um acidente durante um dos rodeios que participa, e que o deixa com uma lesão grave na cabeça, ele se vê diante de uma situação que, além de ser completamente nova para ele, o obriga a buscar alternativas para que ele consiga seguir em frente. É quase como se Brady tivesse que se reinventar, uma vez que fica cada vez mais claro que ele não poderá retornar aos rodeios.
"Domando o Destino" aborda, portanto, o pós-acidente de Brady e a sua tentativa de reencontro - consigo mesmo, com seus familiares e amigos, e com os novos caminhos que poderão se abrir para ele, a partir de agora - e, também, de preencher o vazio que abre, dentro dele mesmo, quando ele se vê distante do que mais ama fazer.
Uma coisa chama a atenção em "Domando o Destino": a sua naturalidade e o seu realismo, que advém das escolhas estilísticas de Chloé Zhao (as cenas em campos abertos são filmadas de uma maneira muito bonita e poética), e da maneira como ela aborda a trama e a jornada de Brady - que foi baseada na trajetória do ator que o interpreta (ele próprio um cowboy que sofreu uma queda de um cavalo) e que, no filme, contracena com sua própria família e amigos.
Ou seja, "Domando o Destino" é um daqueles casos em que a arte imita a vida...