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    Eu Não Sou uma Bruxa
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    3,3
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    4,5
    Enviada em 16 de junho de 2019
    (Insta @cinemacrica)
    A leva recente de bons filmes estrangeiros contou com pelo menos 3 casos de diretores iniciantes que já apresentaram uma competência cinematográfica elevadíssima. Além de Rungano Nyoni, diretora de “Eu Não Sou Uma Bruxa”, destaco Gustav Möller (“Culpa”) e Nadine Labaki (“Cafarnaum”). 3 obras memoráveis.

    No trabalho de Nyoni está representada uma ousada e feliz combinação não só de gêneros do cinema, mas de propósitos. A pivô da narrativa é a pequena Shula, uma garota órfã submetida a variadas facetas da nossa barbárie. Dessa vez, a miséria humana ambienta-se na África subsaariana. Acusada de ser bruxa e tendo poucos recursos de defesa que não se distanciam da própria opinião e a capacidade argumentativa de uma criança, Shula é arbitrariamente condenada.

    A mistura consiste em harmonizar elementos como superstição, olhar antropológico, sátira, drama, doçura infantil e crítica social. Não é simples, mas aqui encontramos um raro equilíbrio. A combinação desses recursos no leva a questionamentos como “até que ponto as convenções culturais devem ser toleradas?” Nyoni constrói uma atmosfera que por vezes se desapega da realidade, mas sem abandonar as sequelas causadas pelos vícios humanos. Esse recurso imaginativo calcado nas crenças daquele povoado africano beira o fantasioso, mas é preciso em estimular o senso crítico.

    A fotografia é um destaque à parte. Traduz com precisão no olhar distante e acuado da protagonista a incompreensão da selvageria humana. A cena final é uma pintura inesquecível. O Cinema precisa de novos diretores talentosos. O Mundo precisa do Cinema.
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