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Bruno Campos
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262 críticas
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5,0
Enviada em 6 de maio de 2018
Excelente. Ritmo intenso, marcado pela câmera frenética. A história de uma família cigana e suas contravenções, protagonizada por um menino (Pio) q, ainda adolescente, já se lança numa vida de adulto e nos riscos de seus roubos, inspirados no irmão mais velho, idealizado. Em paralelo, os preconceitos entre as etnias (africanos, italianos, ciganos).Ritos de passagem, ética e desamparo são discutidos de forma inteligente e angustiante.
Impactante, mas extenuante, Ciganos da Ciambra é um experimento que arrisca demais, mas acaba se saindo incrivelmente bem. Ele arrisca usar toda uma família de ciganos romenos reais, incluindo seu protagonista, o pequeno Pio Amato, como personagens de uma ficção que envolve usar seus valores, incluindo roubar para sobreviver, e não busca justificar suas ações da maneira vitimista com que você costuma ver no cinema europeu. O diretor e roteirista Jonas Carpignano, com a ajuda do excelente editor Affonso Gonçalves (da série True Detective), consegue o milagre de tornar este um filme tenso e real mesmo com atuações amadoras (ou talvez por causa delas). Acompanhamos os passos de Pio com uma câmera na mão, subjetiva, sempre o seguindo. Pio deseja fortemente se tornar o homem mais novo da família, que não o leva a sério ainda. Velho demais para brincar com os irmãos mais novos, mas jovem demais para adentrar no mundo dos crimes e das maracutaias ciganas que todos sabem como é (como roubar fios da rua para derreter o cobre), Pio é nossos olhos no filme, e sua mãe, a matriarca da família, é a alma.
Cinema cru, muito realista e impactante. Sentimos na pele o amadurecimento forçado e gradual do garoto, que não percebe o que está perdendo em seus poucos 14 anos. Algumas situações são repetitivas, como se o filme quisesse se certificar de que o público compreende o coming of age. No entanto, tudo é trabalho da maneira menos manipuladora possível, exatamente para passar esse sentimento de realidade.
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