Baseado na autobiografia homônima escrita por J.D. Vance, "Era uma Vez um Sonho", filme dirigido por Ron Howard, nos conta a história do autor (interpretado por Owen Azstalos, quando jovem; e por Gabriel Basso, na idade adulta), mais precisamente enfocando o fato de como ele conseguiu vencer na vida, mesmo tendo como origem uma família repleta de problemas.
A sua história pessoal nos é contada por meio de flashbacks, no momento em que ele retorna para casa após anos distante, em meio a uma crise familiar com a sua mãe (Amy Adams), que é uma viciada em heroína em recuperação. Quando J.D. volta para a sua cidade natal, ele está num momento definidor de sua vida adulta: estudante de Direito na prestigiada universidade de Yale, ele pode estar prestes a conseguir uma vaga de estágio num grande escritório - o que pode mudar por completo a sua existência.
Na jornada de J.D., existe um elemento constante: o senso de não se sentir pertencente a algo. Quando jovem, enquanto ele passava férias com a família, ele ouvia dos outros garotos que aquele não era o lugar dele. Quando adulto, já estudante de Direito, ele não se enxerga no mundo da Ivy League (e seus jantares chiques, seu ambiente austero). O seu aprendizado pessoal, tendo em vista tudo o que ele experienciou, é o de que, para poder crescer, além de ouvir os conselhos da sua avó (o de que os estudos são a única porta para que ele tenha alguma chance na vida), ele precisa aceitar e abraçar as suas origens caipiras como parte daquilo que ele é.
Uma elegia é um poema triste ou melancólico e que, muitas vezes, é escrito especialmente para ocasiões relacionadas a esse sentimento, como um funeral, por exemplo. No caso da elegia escrita por J.D. Vance, ela se torna um verdadeiro tributo às pessoas que foram determinantes para a sua vida, como o avô (Bo Hopkins), a avó (Glenn Close), a mãe e a irmã (Haley Bennett). Cada uma à sua maneira, foram estas pessoas que permitiram com que J.D. tivesse uma chance.
"Era uma Vez um Sonho" é uma das grandes apostas da Netflix para o Oscar 2021. Em que pese o fato do filme ter obtido uma recepção bastante decepcionante pela crítica norte-americana; acredito que a obra deve, sim, marcar presença nas grandes premiações. Fique de olho em Glenn Close e Amy Adams, ambas excelentes no filme. Gabriel Basso também foi uma agradável surpresa. Não me surpreenderia se ele também aparecesse nas listas de premiações.