Na indústria cinematográfica, poucos gêneros conseguem ser tão clichês quanto os de comédia romântica. A verdade é que a sensação que temos é a de que filmes nesse estilo seguem uma fórmula bastante definida: mocinha conhece o mocinho; os dois se apaixonam, começam um romance; passam a enfrentar obstáculos que fazem com que eles se separem; de maneira a que, no final, os dois possam se reencontrar, fazer as pazes e viver felizes para sempre.
Seria bom que a nossa realidade espelhasse este tipo de cenário. Porém, a vida real é muito mais complicada. É isso que Natalie (interpretada pela comediante Rebel Wilson), a protagonista do filme Megarrromântico, dirigido e co-escrito por Erin Cardillo, aprende desde que era jovem: que não existe um homem perfeito, romântico e que, para resumir, os amores retratados pelos filmes de romance não são passíveis de acontecer.
Talvez, por isso mesmo, a sua grande aspiração na vida não é encontrar um amor para passar o resto dos seus dias, e sim, ser reconhecida pela arquiteta talentosa que ela acredita ser. Natalie trabalha num escritório e é responsável pelos projetos de garagem, a qual pode ser considerada como o patinho feio dos edifícios e prédios. Qualquer semelhança com a realidade de Natalie, que tem problemas de auto-estima, é mera coincidência.
O interessante em Megarrromântico é a virada que acontece na trama a partir do momento em que, após ser assaltada, ficar inconsciente e acordar numa cama de hospital, Natalie percebe que toda a sua existência se transformou numa grande comédia romântica, com direito a todos os clichês que esse gênero tem direito. O contraste entre o ceticismo de Natalie, a recusa dela em enxergar a realidade que estava o tempo todo na cara dela e a conjuntura exagerada dos romances é que faz deste filme uma obra bem bacana.
Entretanto, apesar da premissa ser muito interessante, Megarrromântico acaba resultando num filme muito bobo e esquecível – não entendo, aliás, a insistência em transformar o péssimo Adam Devine em um galã desse gênero. Na sua mente, irão ficar os elementos estéticos desta obra – notadamente a direção de arte, a partir do momento em que a vida de Natalie vira uma comédia romântica.