(Insta - @cinemacrica) Em diversas situações, a bonança acoberta problemas. Na obra de Elizabeth Chomko, a falta de saúde da matriarca traz à tona rusgas familiares entre irmãos e pais. Os episódios de manifestação de Alzheimer agregam, por um triste motivo, os membros da família sob o mesmo teto. O principal conflito reside na visão paterna mais conservadora de que é possível oferecer cuidados para a esposa no ambiente domiciliar. Com a visão oposta, os filhos acreditam que o melhor a fazer é recorrer a uma casa de cuidados especiais.
"Tudo o Que Tivemos" é um sensível retrato familiar que não vai exitar em nos convidar à reflexão. Ao longo do filme, a apresentação de fatos e argumentos, ora nos seduz a acreditar que a solução paterna é a melhor alternativa, ora pendemos para a crença de que o patriarca não está em condições de oferecer o melhor cuidado para a esposa. É um exercício empático que transcende a especificidade desse contexto e conversa com qualquer um.
A partir do ponto central materializado na enfermidade, várias questões má digeridas vinculadas ao membros da família são colocados sob a luz. As questões passam pelo distanciamento da família por parte da filha mais velha, velhice e inabilidade do pai em cuidar da esposa enferma, o fracasso profissional do filho, entre outras. Postas as forças e fraquezas, Chomko, que também assina o roteiro, estende o convite à reflexão sobre quem tem mais propriedade ou melhores argumentos para definir o futuro de Ruth, a mãe e esposa doente. O que me pareceu ainda mais nobre, foi a elevação da discussão das diferenças para o questionamento sobre o que é o verdadeiro amor. Quem sabe o que é melhor: quem é mais instruído ou quem tem um amor genuíno?
Com um elenco estrelado ( Hilary Swank, Michael Shannon, Robert Forster), mesmo que de forma simples, tanto do ponto de vista narrativo como estético, temos nessa obra uma boa representação de conflito familiar.