Matrix Resurrections (The Matrix Resurrections)
É inegável que 'Matrix' (1999) moldou o mundo cinematográfico, revolucionou completamente os efeitos especiais nos cinemas. O longa das irmãs Wachowski era atemporal, à frente do seu tempo, serviu de inspiração para várias produções dos cinemas, e muitas coisas são tiradas de 'Matrix' até os dias atuais.
O primeiro 'Matrix' é uma obra-prima do cinema mundial, o segundo e o terceiro são ótimos e se complementam muito bem, dando assim um final perfeito para a trilogia (na minha opinião sem a menor necessidade de um quarto filme). O meu primeiro contato com 'Matrix' foi em 1999, quando consegui a locação da fita VHS para assistir como muitas dificuldades em meu primeiro video cassete de míseras 4 cabeças (quem viveu na época sabe muito bem do que estou me referindo). Me apaixonei pelo o filme, me tornei fã, e a partir do segundo já acompanhei nos cinemas (o terceiro 'Matrix' junto com 'Homem Aranha 2' foram os filmes de maior lotação que eu já assisti em uma sala de cinema).
Eu nunca fui a favor de reviver franquias do passado, de trazer produções que já construíram os seus sucessos, que já criaram as suas histórias em suas épocas. Acho que a magia se encontra exatamente nesse ponto, em poder manter vivo na memória todo o brilhantismo e grandiosidade que um determinado filme/franquia construiu em seu tempo (sim, eu sou nostálgico e saudosista). Temos vários casos em que decidiram reviver uma franquia do passado depois de alguns anos e que não deram certo: como "Jogos Mortais", "Aliens", "O Exterminador do Futuro" e com certeza "Matrix" acabou de entrar nessa lista.
Matrix Resurrections funciona como um rebbot na primeira hora do filme e a partir da segunda ele tenta expandir todo o seu universo (de uma forma bem falha por sinal). O mais novo filme da franquia aposta novamente nas irmãs Wachowski (dessa vez com Lana na direção e Lily no roteiro) como também aposta em 'quase' o mesmo elenco.
Eu vou ser bem sincero, pra mim o longa funciona apenas pelo grande saudosismo da franquia e só. O filme é bem mediano, tem vários problemas, a começar pelo roteiro, que também é mediano (pra não dizer inteiramente ruim). O roteiro é mal escrito, básico, preguiçoso, que tenta se segurar unicamente pelo o que já contruiu lá atrás, como o fato de a todo momento ficar nos mostrando inúmeros flasbacks de cenas dos filmes anteriores (como uma forma de tentar comprar a nossa atenção a qualquer custo). O ritmo do filme é lento (até meio arrastado), falta emoção, falta imersão, falta ação, principalmente nas lutas, que por sinal são muito ruins se comparadas com os filmes anteriores. Por falar em lutas, elas não foram bem coreografadas, pelo contrário, foram bem preguiçosas.
Matrix sempre se destacou em seus efeitos especiais (um dos pontos cruciais da trilogia). Nesse quarto filme por incrível que pareça eu senti falta de uns efeitos especiais à nível dos filmes passados (e olha que estamos falando de 18 anos atrás). A direção não é mais a mesma, o trabalho de câmeras está muito distante de nos imergir e nos empolgar nas cenas de lutas como fazia anteriormente (como aquela belíssima cena do Neo lutando contra milhares de agentes em Matrix Reloaded). A trilha sonora é até funcional, consegue se destacar em algumas cenas (principalmente na abertura). Assim como a fotografia que também é muito boa.
Em questões de elenco é nostalgia pura! Poder rever Neo (Keanu Reeves) e Trinity (Carrie-Anne Moss) juntos novamente depois de tantos anos é completamente emocionante. Na minha memória a todos os momentos aparecia a figura daquele Neo do Keanu Reeves novinho, sem barba, de cabelos curtos, que logo era sobreposto por um Neo mais velho, barbudo, cabeludo. Em questão de atuação não tenho muito o que falar: Neo do Keanus Reeves é um personagem que já virou um clássico (apesar de sentir falta daquelas lutas bem coreografadas no maior estilo Neo). A Trinity da Carrie-Anne Moss é outra personagem clássica (possivelmente a principal personagem de sua carreira). O problema é o fato da Trinity ser mal aproveitada, senti falta de uma participação maior, principalmente junto com o Neo, como aquele casal incrível que aprendemos a amar lá no início dos anos 2000.
É completamente notável e sentida a enorme falta que o Morpheus do Laurence Fishburne faz para o filme, tanto é que não paramos de rever as suas cenas em constantes flashbacks. Mas devo confessar que o Yahya Abdul-Mateen II entrega um ótimo Morpheus, com um carisma na medida certa e uma ótima atuação. Jonathan Groff como Smith eu não gostei, caricato demais, não funcionou. O Smith do Jonathan Groff é completamente esquecível e está muito, muito, muuuuuito longe do agente Smith do grande Hugo Weaving. O projeto de vilão mal executado do Neil Patrick Harris é uma tristeza de tão ruim, aquele típico vilão canastrão, cheio de frases de efeito e que definitivamente é mais um personagem completamente esquecível nesse filme. Uma grata e feliz supresa foi a Niobe da Jada Pinkett Smith, que assim como o Neo e a Trinity, me encheu de nostalgia e emoção.
Matrix Resurrections bate exatamente naquela tecla que eu já destaquei acima, que é o fato de trazer uma franquia que deu certo lá atrás para os dias atuais, sendo que dificilmente dará certo novamente - estamos diante de mais uma prova disso! Para quem é fã de longa data (assim como eu) irá sentir aquele saudosismo pelo elenco, pelas irmãs Wachowski, pela trilha sonora e principalmente por ser 'Matrix' e contar com o Neo e a Trinity em cena, porquê definitivamente 'Matrix Resurrections' se segura unicamente pela nostalgia. [08/01/2022]
(três estrelas por ser muito fã da franquia)