Em 1999 os então Irmãos Wachowski nos presentearam com Matrix, um filme que revolucionou o cinema e apresentou ao grande público a filosofia e as discussões que envolvem o universo Cyberpunk, enquanto para nós nerds da época souberam representar na tela muito do que já liamos sobre o gênero. Agora em 2021 uma das irmãs continua a trilogia com Matrix Resurrections, que é controverso assim como as duas continuações do primeiro filme da franquia.
O quarto filme da saga Matrix conta como Thomas Anderson/Neo (Keanu Reeves) sobreviveu após os acontecimentos de Matrix Revolutions e como o protagonista continua preso em uma nova versão da Matrix, sendo “controlado” por algumas máquinas que ainda querem escravizar os humanos, enquanto Neo tenta entender quem é a personagem misteriosa interpretada por Carrie-Anne Moss, a Trinity da trilogia original.
Claro que temos novos personagens e novas tramas dentro do filme, e essas são as histórias mais interessantes dentro de um filme confuso, mas com muitas ideias interessantes que foram mal trabalhadas. Como no caso de Bugs (Jessica Henwick) que é uma personagem forte e moderna, que nos mostra que foi tocada por Neo sem ele saber, nos apresentando tudo o que é novo e modernizado dentro e fora da Matrix e trazendo em si tudo o que se ganhou e se perdeu após a grande guerra do terceiro filme. Uma personagem que poderia ser a protagonista enquanto Neo e Trinity ficariam em segundo plano, uma oportunidade perdida dentro de uma trama principal estranha e repetitiva.
A explicação do novo Morpheus faz todo sentido dentro do Lore de Matrix, já que nesse novo filme ele é um programa criado por outro “programa” dentro da Matrix, lembrando é claro ,que Neo é uma anomalia que as máquinas não conseguem controlar. Mas o que estraga o personagens são os trejeitos sempre voltados para o humor, tirando a seriedade e o valor real que o personagem tem para Neo e para a luta que vimos nos primeiros filmes.
A falta de diálogos filosóficos e interessantes, mesmo que apenas rebuscados como nos outros filmes faz com que Matrix Resurrections se torne algo inferior, além de mostrar flashbacks do primeiro filme para dar ênfase no que é obvio e tratar o público como imbecil em alguns momentos, nos faz refletir se tudo não foi apenas uma metalinguagem ou se simplesmente os estúdios pensam que o público é feito por imbecis que não vão entender a profundidade dos acontecimentos e do que é discutido dentro da trama.
O amor entre Neo e Trinity é válido e faz parte dos acontecimentos de toda a saga, mas não é apenas disso que se trata Matrix, a questão do Escolhido também fica questionada quando temos um final como aquele, onde se dá “poderes” para outra personagem que já tem seu papel de importância dentro da saga. Sem contar que foi criado um vilão que mais parece um jovem dono de Startup que usa o “bullet time” como superpoder, o que entra novamente na discussão de que os estúdios tratam os fãs de super heróis como imbecis babões que apenas estão interessados em vilões e superpoderes. Matrix não se trata disso, é algo além que discute questões importantes da sociedade com alegorias Cyberpunk, discussões essas tão profundas a ponto de falarmos até hoje sobre um filme de 1999.
Lana Wachowski assina Matrix Resurrections sem sua irmã Lilly, o que pode ser a causa do desastre que possui ideias e visuais incríveis, mas sem a paixão e a profundidade que esperávamos.
Matrix Resurrections vale ser assistido no cinema pelo seu visual e por algumas explicações do que acontece depois que Neo é levado pelas máquinas, mas tudo é tão confuso e sem sentido dentro do próprio Universo estabelecido da saga que se você procura coesão e respeito pelos personagens que você tanto ama, assista quando chegar no streaming, no sofá da sua casa.