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    Esta é a Sua Morte - O Show
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Esta é a Sua Morte - O Show

    Black Mirror genérico

    por Rodrigo Torres

    Após muito sucesso como o vilão Gus Fring de Breaking Bad e colher bons frutos na TV e no cinema, Giancarlo Esposito retorna para o seu segundo trabalho de direção com um material de grande potencial. Esta é a sua Morte - O Show é um filme crítico sobre a natureza voraz dos reality shows e do jornalismo sensacionalista. Uma obra que, assim, permite articular o drama, o horror e a sátira em sua trama — mas só vai bem na exploração deste último, e olhe lá.

    Esta é a sua Morte se inicia com dinamismo e eficiência, conferindo um desfecho cruel a um programa idiota destinado a encontrar uma noiva para um milionário. Quando o homem faz a sua escolha, a jovem preterida se vinga imediatamente com um tiro no peito do pretendente. O apresentador Adam Rogers (Josh Duhamel) se atira em frente à vencedora e impede uma tragédia maior, tornando-se herói nacional. Apesar de chocado com o assassinato, ele precisará de uma pequena dose de manipulação e a promessa de sucesso para aproveitar sua fama repentina em um reality macabro em que as pessoas poderão tirar a própria vida em troca de uma quantia em dinheiro; o "bom motivo" que o ético Adam precisava para topar participar do projeto.

    Em um primeiro momento, o texto do estreante Noah Pink e de Kenny Yakkel (do filme Reality da Morte, veja só) surge promissor, apelando ao ridículo para esgarçar o mau gosto da grande mídia na guerra pela audiência. A canastrice de Josh Duhamel também se revela um trunfo, vulgarizando as hipocrisias, a pretensão e a mediocridade de seu personagem. Em dado momento, ele cita grandes filósofos em um contexto banal, constrangedor, assim como à medida em que sua caricatura se assevera, cresce o seu topete. Apesar dessa concepção mordaz que recorre até ao visual, o roteiro se presta a verbalizar a condição do protagonista: "Você é o idiota mais inteligente que eu conheço", diz a produtora Sylvia (Caitlin Fitzgerald), em uma necessidade de explicar tudo ao espectador que empobrece o longa-metragem.

    Assim acontece em basicamente todos os aspectos. O primeiro efeito desse caráter extremamente discursivo é o prejuízo dramatúrgico do longa-metragem. O som se excede no didatismo e transforma uma cena de potencial dramático em melodrama rasteiro, enquanto trilhas características do Super Cine (daquelas que já vêm prontas) tocam em detrimento de uma atmosfera de suspense. Da iluminação aos enquadramentos, a direção de fotografia também é extremamente convencional, típica de televisão diária, o que mergulha o filme em um problema fundamental: reproduzir uma deficiência semelhante à do objeto de sua crítica.

    Tanta precariedade impede que Esta é a sua Morte - O Show evoque a urgência de sucessos como o filme O Abutre e a série Black Mirror, desperdiçando um conteúdo propenso ao horror e ao suspense psicológico. E o excelente filme nacional Bingo - O Rei das Manhãs é um grande exemplo de como o tom e toda a mise-en-scène contribuem para (além de retratar a descontração e a insanidade de seu protagonista) satirizar um tempo em que tudo valia na televisão.

    Então, o melhor esforço de Giancarlo Esposito reside justamente em sua atuação, quando as subtramas difusas ganham sentido (ainda que previsíveis) e Mason Washington, seu personagem operário, despeja um comentário valente que culpa toda a sociedade: os espectadores, o mercado que provoca a destruição da economia, o Estado que resgata os barões que arruínam o sistema e deixa a sua população à deriva etc. É um discurso decente, com um desfecho condizente. O problema é a forma.

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