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    Buñuel en el Laberinto de las Tortugas
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Buñuel en el Laberinto de las Tortugas

    O nome pesa

    por Sarah Lyra

    Em Buñuel no Labirinto das Tartarugas, a trama se desenvolve a partir das aspirações do cineasta Luis Buñuel e o processo de criação de seu terceiro filme: o documentário Terra Sem Pão, de 1933, sucessor de Um Cão Andaluz (1929) e A Idade do Ouro (1930). Inquieto pela constante associação com o pintor Salvador Dalí, creditado como co-roteirista de ambos os filmes, Buñuel chega a um momento de quebra e decide filmar uma nova obra não só como forma de libertação artística, mas também em busca do reconhecimento que tardava a vir, já que seus filmes eram considerados ofensivos para a sociedade da época.

    A premissa da animação é interessante, mas propor uma história usando o nome de Buñuel pode transitar entre o desafiador e o opressor facilmente. Opressor porque falar do pai do surrealismo cinematográfico já desperta grande interesse e comoção por si só, o que pode induzir um cineasta a optar pelo caminho fácil e cômodo. E desafiador porque um nome, por mais poderoso que seja, não é suficiente para carregar uma narrativa. É justamente nesse embate sobre a figura retratada que Labirinto das Tartarugas peca gravemente. A sensação durante o filme é de que falta ousadia e ambição aos idealizadores, que se limitam a converter uma história da vida real para o desenho. Para piorar a situação, a animação é montada de forma a oscilar entre as cenas em desenho e momentos icônicos de Terra Sem Pão, mas a decisão se mostra arbitrária e sem nenhum propósito linguístico. Fica claro, portanto, que a intenção do filme é se apoiar unicamente no status de seu protagonista para gerar impacto no espectador.

    O roteiro da animação também parece não ter clareza sobre como explorar a personalidade de Buñuel. Em alguns momentos, ele se mostra gratuitamente arrogante e sem empatia pelas pessoas. Em outros, demonstra intensa sensibilidade. No entanto, não há qualquer transição entre uma variação de humor e outra, e abre-se mão de explorar a complexidade contida em sua personalidade. Os personagens secundários, como o produtor Ramón Acín, servem apenas para apontar o óbvio e satisfazer os caprichos de Buñuel. Idealizado em uma época em que a defesa dos direitos dos animais está mais presente do que nunca, Labirinto das Tartarugas se recusa a abordar até a problemática mais óbvia: o fato de que Buñuel abateu diversos animais durante as filmagens do documentário, instruindo sua equipe a espalhar mel sobre um burro doente para filmá-lo sendo picado até a morte por abelhas e a atirar em um cabrito montês para capturar o animal caindo do alto da montanha, momentos que são mostrados na animação, mas nunca realmente questionados.

    Em meio a toda confusão da trama, o roteiro decide ainda adicionar pesadelos surrealistas de Buñuel durante seu sono como forma de explorar a relação com a família, principalmente o pai, de quem buscava aprovação constante. O artifício, porém, falha não apenas em gerar empatia pelo cineasta como em construir uma problematização em cima da dinâmica parental. Isso sem mencionar o fato de que o tormento de Buñuel em relação a Dalí é completamente esquecido depois que as filmagens do documentário iniciam.

    Buñuel no Labirinto das Tartarugas também não inova em sua característica animada. Embora o aspecto rudimentar do traçado dos personagens seja interessante esteticamente, pouco valor é agregado a uma história sem muito direcionamento. Como parte da resolução dos poucos conflitos apresentados, o protagonista parece ser convertido em uma pessoa consciente e menos egoísta em questão de segundos, após uma "bronca" de Acín, cuja paciência para com o amigo é igualmente caricata. Assim, quando esses dois personagens concluem suas jornadas, a impressão é de conhecê-los ainda menos do que quando foram apresentados, e adicionar letreiros informando que Acín foi assassinado pelas tropas de Francisco Franco, no início da Guerra Civil Espanhola, soa meramente apelativo.

    Filme visto no 27º Anima Mundi, em julho de 2019.

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