Vidro
A expectativa por “Vidro” estar lá em cima foi um problema. Os dois filmes anteriores são o que são por serem despretensiosos e não terem que cumprir grandes expectativas. O ritmo é algo primordial para um filme funcionar, começa bem, mas do meio até o fim é desestimulante, e o longa vai perdendo ímpeto. Não temos clímax, o embate final é muito apático.
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Existe uma falta de equilíbrio evidente na narrativa, a maior parte é da “Horda”, sobrando pouco para David Dunn (Bruce Willis), e Sr. Vidro (Samuel El Jackson). O texto é problemático, é bastante autoexplicativo. A cada 20 minutos aparece alguém nos lembrando dos conceitos de quadrinhos no qual estamos inseridos, da forma mais verbal e didática possível.
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Visualmente é muito bonito, são estabelecidas rimas visuais que em muito agregam aos personagens. Da grande escala até os mínimos detalhes, existe um apreço por uma identidade visual. Diversos momentos enchem os olhos, com planos de câmera e enquadramos ousados, o diretor certamente não está no piloto automático. Mostra apenas uma dificuldade com as cenas de ação, recorre a uma câmera subjetiva no rosto dos atores que entrega pouco dinamismo e energia.
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James McAvoy é ótimo mais uma vez, o ator passeia por mais personalidades demostrando muita segurança e conhecimento do personagem que criou para si. Ele atua com trejeitos, sotaques, entonações, o filme é dele, e visivelmente feito para que se sobressaia ante aos outros. Bruce Willis totalmente esquecível, culpa maior do roteiro que o burocratizou demais. O personagem vai de lugar nenhum a lugar nenhum. Samuel El Jackson toda vez que tem espaço chama a atenção para si, poderia ter mais dele.
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São quase dois filmes, o primeiro é bem compassado e interessante, o segundo carece de gás e força. Tem ótimos conceitos e ideias muito boas, mas a execução é aquém do que poderia ter sido. Consegue finalizar estendendo o universo, mesmo que não entregando um final digno do mesmo. Assim como sua filmografia, Shyamalan concebeu “Vidro” rente a linha do “ame-o ou deixe-o”... o efeito em mim foi apenas o de indiferença, uma pena.