Minha conta
    Deus Não Está Morto - Uma Luz na Escuridão
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Deus Não Está Morto - Uma Luz na Escuridão

    Ressurreição

    por Francisco Russo

    Por dois filmes, Deus Não Está Morto investiu firme na proposta de propagar a fé cristã a todo custo, mesmo que para tanto precisasse distorcer informações relevantes ou mesmo manipular descaradamente a narrativa, de forma a criar mocinhos e bandidos. Dito isso, é surpreendente constatar que, no terceiro filme, enfim a franquia encontra o equilíbrio necessário para abordar valores cristãos sem algum tipo de ofensa.

    Para tanto, foi necessária uma verdadeira revolução narrativa. Sem qualquer batalha entre crentes e ateus, o holofote é desviado para um dos coadjuvantes dos filmes anteriores, o pastor Dave (David A.R. White, burocrático). Dando continuidade à subtrama proposta em Deus Não Está Morto 2, o filme inicia com o pastor deixando a prisão e logo envereda para um incidente que resulta em tragédia: o incêndio da igreja Saint James, com a morte do reverendo Jude (Benjamin A. Onyango, sempre carismático, apesar da participação curtíssima).

    Fosse um dos filmes anteriores, tal situação seria um prato cheio para o vitimismo, com um clima de perseguição intrínseco. Aqui, o diretor estreante Michael Mason prefere explorar a dualidade em torno da permanência ou não da igreja em um campus universitário - e suas correntes pró e contra - para abordar o contemporâneo e constante embate existente nas redes sociais, onde todos gritam e ninguém ouve. Mais do que apontar o certo e o errado, o interesse maior é em criar uma conjuntura que replique a difícil e intolerante convivência nos dias atuais para, a partir daí, aplicar valores cristãos.

    Soma-se a tal proposta a existência de um personagem crucial para tamanha transformação: Pearce, irmão do pastor Dave, convocado para ajudá-lo no duelo judicial em torno da permanência da igreja. Interpretado pelo cativante John Corbett, ele é desenvolvido com extrema habilidade ao propôr uma dinâmica entre irmãos até então afastados sem jamais cair em facilitadores buscando a reconciliação. Por mais que o ajude, Pearce também o questiona acerca de seus valores e decisões, levantando perguntas pertinentes ao cristão que, nos longas anteriores, ou eram ignoradas ou ridicularizadas pelo estereótipo adotado. Aqui não: há uma clara construção de personagem de forma a torná-lo agradável e ao mesmo tempo provocador, sem jamais perder a razão - mesmo que isto custe a louvação a uma crença.

    No fim das contas, a grande novidade trazida por este Deus Não Está Morto é uma bem-vinda maturidade ao abordar a religião, sem necessariamente agredir aquele que não comunga sua fé. É claro que nem tudo são flores: há no filme vários excessos envolvendo símbolos religiosos, e até mesmo a desnecessária participação dos Newsboys, que facilmente seriam limados por uma edição mais rigorosa. O próprio desfecho, com um bizarro clipe gravado no Brasil, é bem estranho. Ainda assim, pela forma como prega sua narrativa e a boa dinâmica existente entre Dave e Pearce, trata-se de um filme não só muito superior aos anteriores mas também com uma mensagem bem fundamentada, que congrega os valores cristãos aos problemas dos conectados dias atuais.

    Quer ver mais críticas?
    Back to Top