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    Noite de Lobos
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Noite de Lobos

    Ambição solitária

    por Lucas Salgado

    Grandes projetos geralmente são acompanhados por grandes ambições. E não há nada de errado nisso. O problema existe quando a ambição surge solitária, abandonada, sem a companhia de outros elementos que fazer uma boa obra de arte. Mais novo filme da Netflix, Noite com Lobos é um bom exemplo de produção ambiciosa, consciente de que está em busca de oferecer algo diferenciado e, até mesmo, estranho. A questão é que não vai muito além da vontade. 

    Baseado em livro de William Giraldi, o longa conta com um roteiro bem básico Macon Blair, responsável pelos textos de outros dois projetos recentes da Netflix: Pequenos Delitos e Já Não Me Sinto em Casa Nesse Mundo. Ainda que a trama seja simples, o roteiro investe numa narrativa confusa e repleta de derivações e metalinguagens. A intenção de criar um cenário misterioso é clara, mas o filme não foi bem sucedido neste sentido. Não há de se falar em mistério, e sim em confusão.

    Após o desaparecimento de três crianças atacadas por lobos em uma vila isolada no Alasca, o escritor especialista em lobos (Jeffrey Wright) é chamado pela mãe (Riley Keough) de uma delas para recuperar o corpo do filho. Ao mesmo tempo, o pai do garoto (Alexander Skarsgard) é ferido durante uma guerra no Oriente Médio e voltará para casa com esta notícia impactante.

    Não dá para entrar em maiores detalhes sobre a sinopse sem prejudicar a experiência do espectador, uma vez que um dos atrativos da produção é o fato de quase sempre traçar um caminho inesperado. Não que seja o suficiente para criar um ambiente fascinante, mas não deixa de ser um ponto interessante.

    O elenco é esforçado, mas nada que vá muito além disso. Além do trio citado, temos ainda as participações de James Badge Dale e Julian Black Antelope. A dupla surge em papéis coadjuvantes, mas com maiores camadas que os protagonistas.

    Com ritmo lento, Hold the Dark (no original) conta com uma montagem pra lá de problemática de Julia Bloch (Sala Verde). A confusão do roteiro também encontra respaldo em uma montagem caótica. Ainda que tente inserir metalinguagens, a verdade é que o texto é pobre, não conseguindo criar as ligações que se propõe, especialmente no que tange a relação entre homem e natureza, e as mazelas da guerra.

    Filme visto durante o Festival de Toronto, em setembro de 2018.

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