Los Demás Días: Crítica AdoroCinema

O doutor Pablo Iglesias monitora, faz companhia e não economiza apoio aos seus pacientes, todos estes se encontrando em estado terminal de diferentes doenças. Apesar de muito humano, Pablo não foca na ideia de que eles podem falecer a qualquer momento devido às suas condições, mas foca no agora, no que ele pode dizer para amenizar suas dores - ao menos, as psicológicas. 

O médico é um protagonista sutil em Los Demás Dias, pois apesar de o diretor Carlos Agulló apresentar cenas de Pablo dando aulas e ensinando seus alunos a como tratar pacientes paliativos, ele também fica um bom tempo atrás das câmeras quando os pacientes e seus familiares ganham suas vozes. Cada uma das histórias possuem diferenças, mas no fim do dia todos os enfermos apenas querem estar seguros de que não há mais nada que possam fazer, tendo a certeza de que suas vidas foram bem vividas.

O documentário é observativo na maioria da narrativa e segue entregando inúmeras reflexões sobre como analisamos este período frágil da vida: em que ela está chegando ao fim mas, ao mesmo tempo, pode dar algo de novo aos familiares mais próximos. Estruturalmente não há nenhuma inovação no modo de se aproximar do universo da medicina, mas a temática sobressai quaisquer pontos padrões que permeiam a obra. Fica claro que o diretor conseguiu documentar muito material com as famílias e com a rotina de Pablo, mas o conjunto final ficou bem definido, ganhando eficácia na abordagem deste tema sensível.

Los Demás Dias fala sobre a dor física dos enfermos e também sobre a psicológica dos que ficam e que precisam lidar com tal perda; mas sobretudo mostra que os dias em que estamos vivos importam, acima de qualquer doença ou desafio enfrentado. Como mostra a cena inicial, com o filho de uma das pacientes de Pablo lutando no ringue, é impossível deixar de notar a metáfora: viver é lutar.

Filme visto na 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, em outubro de 2018.