Terror compactado
por Barbara DemerovO horror e a tensão nas alturas já foi trabalhado por diversas vezes no cinema. Desde Premonição e Serpentes a Bordo até Voo Noturno, Plano de Voo e Voo United 93, são inúmeros os exemplares de que o avião em si se provou como um cenário certeiro para trabalhar o suspense em histórias claustrofóbicas, que mesclam o mistério de casos aparentemente sem solução com a ação a mais de 11 mil metros do chão. Em 7500, filme protagonizado por Joseph Gordon-Levitt que chega diretamente ao Amazon Prime Video, a tensão mais uma vez é pautada pelo imediatismo de alguma situação dramática - no caso, uma tentativa de roubo da aeronave que sai de Berlim com destino a Paris.
Gordon-Levitt é Tobias, o co-piloto que nos transporta para o sequestro de terroristas com bastante precisão. Sua atuação traz toda a angústia e o medo por conta da inesperada situação e também é o maior foco do diretor Patrick Vollrath: ao invés de permear pelo avião como um todo, ele nos mostra apenas um vislumbre do que ocorre fora da cabine principal através da câmera de segurança interna. Tobias não é exatamente o guia do espectador para toda a situação, pois ele não é nada mais do que uma das vítimas desta tentativa assustadora. Porém, é o único personagem que toma as decisões ali, alternando entre as mais difíceis e doloridas enquanto ser humano e aquelas que já estava preparado para tomar profissionalmente.
O DRAMA DE UM CO-PILOTO QUE REPRESENTA O DE TODOS OS PASSAGEIROS
Ao invés de detalhar todo o pânico dos passageiros que se veem presos em uma situação impossível de fugir, Vollrath se atenta à sensação "exclusiva" que pode trazer ao filmar apenas um ambiente o tempo todo. A cabine em que Tobias se encontra é extremamente pequena, o que inevitavelmente traz a sensação de claustrofobia (já esperada em um filme que se passa dentro de um avião), mas o protagonista também se vê dentro de um labirinto. Seu labirinto é mental e extremamente desagradável de seguir, pois não há saídas fáceis - vide a situação mais tensa de 7500, quando Tobias precisa decidir entre abrir seu compartimento para os sequestradores ou ver um passageiro morrer. O isolamento de Tobias é sua sorte e, simultaneamente, sua sina.
É nas situações de puro terror psicológico que 7500 ganha fôlego, além de ser uma escolha no mínimo interessante a de o cineasta priorizar o olhar de um co-piloto em um filme de temática tão sensível. Porém, o que existe de força no sentido de dar atenção a um único homem que tenta, a todo o custo, ser o herói daquele voo, por outro lado a aproximação que Tobias constrói com um dos terroristas - um jovem assustado - não é necessariamente algo que dá mais impacto na narrativa.
Pelo contrário, este é um elemento clichê inserido de forma um tanto quanto artificial e simples demais, pois o domínio de Tobias para com o jovem é conquistado muito rapidamente, como se a intenção de atacar nunca esteve em seus planos. Ainda assim, há uma linha de reflexão no sentido de o filme mostrar que, na realidade, há muitos terroristas inseridos forçadamente em missões suicidas. O problema é que, apesar do impacto que os vilões trazem de forma crua, a consistência do motivo não é tão definida.
7500 é um filme mais interessante quando analisamos algumas questões específicas, como a claustrofobia que o protagonista transmite ou sua incapacidade em ajudar um refém das mãos dos terroristas em contraste com a chance de poder salvar centenas. No entanto, o cenário completo não traz a mesma complexidade. A estrutura do longa, composta pelo tempo real do sequestro, traz toda a crueza do crime, mas ao mesmo tempo limita a própria história de se tornar algo a mais - por mais que Gordon-Levitt entregue uma ótima performance repleta de nuances que oscilam entre a frieza e o desespero em questão de segundos.