Os angulos escolhidos pela camera, a qualidade tecnica da imagem, que realmente nos transporta para os anos 80,a atençao aos detalhes e as belas paisagens transformam assistir o filme num deleite. Talvez haja um pequeno erro de ritmo durante o meio da narrativa, aspecto que não compromete. Alem do romance explicitado, existem varias outras pequenas estorias contadas pelas imagens, das quais destaco a cumplicidade e sintonia dos pais do protagonista, a visao dos europeus acerca do forasteiro, a relaçao entre empregados e os patroes. A beleza da locaçao torna o filme delicioso. Tanto as tomadas externas quanto as internas estao sempre adornando o agir das personagens. A musica eh agradável e situa o expectador no tempo, fugindo de cliches mais obvios. O ator responsável por interpretar Elio consegue expressar a instabilidade emotiva adolescente residente em.sua intimidade, vez ou outra camuflada aos outros por uma postura de tédio ou enfadamento.
Alem da obvia diferença de idade, ha algo no filme que faz lembrar o controverso filme "for a lost soldier", talvez o fato de que em ambos, a relaçao de amizade e envolvimento parece se dar entre duas pessoas que se reconhecem um no outro, por algo que ambos partilham, uma sintonia atemporal, cuja idade cronológica dos envolvidos eh irrelevante.
Ao contrario do que alguns possam julgar, o receio do Estudante americano nao eh com qualquer problema legal em razao do romance que se desenvolve , mas sim em razao de uma suposta quebra da confiança mantida para com seu professor e com sua esposa, ora, seus senhorios.
Eh um filme onde o amor permeia varias frequencias: a relaçao entre os pais, a relaçao com a musica, com a poesia, com a historiografia, a relaçao entre amigos , a relaçao pai e filho e, obviamente, os protagonistas.
Nao ha como nao desejar estar nas cenas do filme,
seja tomando um suco de apricot, ou desfrutando da boa companhia dos senhorios, ou, ainda, andando de bicicleta pelas estepes.
As personagens sao cativantementeque construídas, fazendo com que nos afetuemos a todas elas, no meu caso, sem exceção. Ha ainda um saudoso retrato da decada de 80 no hemisfério norte, onde parecia haver mais liberdade e menos julgamentos que hoje.
Existe uma fantastica relaçao criada pelo diretor que gira em torno da historiografia do filósofo pré-socrático heraclito, o Rio e as duas principais personagens, que, talvez, so consiga captar aquele que conhece um pouco do pensamento desse filo só fo.
Finalmente, o discurso final do pai de Elio nos brinda com a sinceridade e sabedoria que poderia ser chamado de "instruçoes para bem viver" ou, "instruçoes para bem amar", algo que merece ser revisto e reflexionado.
Fez me lembrar uma celebre frase de uma Irmã de carodade ainda mais celebre: " quem julga as pessoas nao tem tempo para ama-las".