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Alan David
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685 críticas
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3,5
Enviada em 10 de abril de 2019
Em Trânsito é uma história que consegue envolver até certo ponto e que dentro de uma boa parte técnica... Somando-se na atuação do protagonista e tento seus altos e baixo dentro do seu triângulo amoroso. No geral ficou bom de assistir mesmo assim.
Para a crítica completa, link a seguir: http://www.parsageeks.com.br/2019/04/critica-cinema-em-transito.html
(Insta: @cinemacrica) - O diretor Christian Petzold trata o conceito da flexibilização como ponto central. Remetendo ao título da obra, esse ponto objetivado é o que permite a exploração de elementos transitáveis. O que parecia de início um filme de época, desemboca, logo após a introdução, numa capital europeia com o um intenso tráfego de veículos modernos. Na trama, Georg, um fugitivo alemão, busca sobreviver e emigrar de um território francês ocupado pela Alemanha nazista. Sim, é exatamente isso. Cenografia do século XXI num enredo de Segunda Guerra Mundial. Preferências à parte, já que a opção não foi um acidente, mas uma adoção proposital, considero questionável o valor do recurso como diferenciador cinematográfico. A permissividade temporal incorpora outros elementos, como o uso de cartas e adoção de meio de transportes como trens e navios. Ao meu ver, a opção não prejudica, mas não é o que torna o filme acima da média, felizmente Petzold nos apresenta outras construções interessantes. Esse caráter fluido é bem incorporado pelo protagonista. Há um bom trabalho em transmitir o quão volátil é viver em condições como as de Georg. Não bastando a iminência de ser capturado pela polícia, é ainda mais doloroso conviver com o desapego da essência humana. O não pertencimento torna as interações sociais superficiais; quando não ausentes por conta do medo. De forma sensível, o personagem principal esboça o exercício da paternidade com um garoto da periferia de Marselha e um romance morno com uma mulher de nome simples, Marie, e igual instabilidade como o conjunto em que se assenta a narrativa. O que potencializa todas essas amostras é o trabalho bem sucedido de Georg interpretar alguém que é introspectivo. Mesmo aqueles mais fechados precisam de aberturas humanas. Na queda de braço entre suspense e drama, “Em Trânsito” tem mais sucesso no segundo gênero. É um filme prazeroso de ser visto, mas, além da ressalva do gênero predominante, fica a observação da flexibilização de elementos.
Em Trânsito foi minha terceira incursão no cinema instigante do diretor e roteirista alemão Christian Petzold, após ter adorado Barbara e Phoenix. Este é um filme que tem como principal atração trazer para os dias atuais o romance de Anna Seghers que se passa na França de Vichy de 1940, ou seja, durante a ocupação alemã de parte do território francês na Segunda Guerra Mundial. Utilizando um narrador-personagem, o diretor em seu roteiro pode confundir um espectador desavisado e a história parecer um pouco descabida; porém um olhar e ouvido atentos perceberá que sua opção estilística é panfletária quanto à repetição (ou possibilidade de) das mesmas condições de antanho, dado o recrudescimento de movimentos ultradireitistas e nacionalistas na Europa, com os mesmos modelos excludentes e xenófobos do nazi-fascismo. Se o romance original narra as agruras sofridas por judeus e comunistas, agora há a sombra de estigma que paira sobre imigrantes e liberais. A ação se inicia em Paris e transcorre em sua quase totalidade na cidade de Marselha, porto na zona livre e porta de saída frágil e instável, uma vez que há a iminência da mesma perseguição das áreas de conflito. O ambiente é carregado de tensão, o desespero parece imperar e a ansiedade pela fuga é notável em todas as personagens narradas e ainda assim o que sobressai é a possibilidade de um romance, um triângulo, de fato e um quadrilátero, em síntese, envolvendo três personagens, posto que Georg (a cargo do ator Franz Rogowski) assumiu, por imposição dos fatos, a identidade de um escritor que cometeu suicídio e que é o marido de Marie (personagem da intensa Paula Beer), que por sua vez vive um caso amoroso com o médico Richard (na atuação de Godehard Giese). Não é um amor romântico idílico, mas desesperado e cambaleante como a situação pressupõe, com uma tintura wagneriana e sua impossibilidade de concretude. Um filme muito interessante, que guarda uma atmosfera sufocante que contrasta com a luz solar mediterrânea e uma carga dramática que trafega entre o comedimento e a iminência de explosão, reverberando o ambiente tenso de um período de exclusão e cerceamento das liberdades. Icônico!
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