Deadpool & Wolverine: Crítica AdoroCinema

Bonnie e Clyde. Thelma e Louise. Romeu e Julieta. Queijo com goiabada. Agora, Deadpool & Wolverine se juntam ao grupo de “duplas icônicas da cultura pop”. Promovendo o retorno dos personagens aos cinemas após anos de ausência - afinal, ambos os heróis faziam parte do universo da extinta 20th Century Fox -, o longa dirigido por Shawn Levy, paradoxalmente, também traz a estreia deles no Universo Cinematográfico Marvel. Porém, acima de tudo, é ainda uma carta de amor aos fãs.

Qual é a história de Deadpool & Wolverine?

Marvel Studios

Na realidade, quanto menos você souber sobre a trama de Deadpool & Wolverine, melhor! Porém dá pra trazer uma sinopse básica para este texto, com o mínimo de spoilers possíveis (ou pelo menos, com nada que não esteja presente no trailer): Wade Wilson (Ryan Reynolds) se aposentou da vida de anti-herói, porém é convocado pelo agente Paradox (Matthew MacFadyen) numa missão especial pela organização Autoridade de Variância Temporal - a mesma já vista na série Loki.

Nessa jornada para salvar a vida de Vanessa (Morena Baccarin) e seus amigos, Deadpool vai formar uma aliança inusitada com uma versão de Wolverine (Hugh Jackman), que não se considera um herói e vive amargurado. No meio dessa confusão que envolve vários rostos conhecidos pelo público, ainda temos como antagonista a poderosa Cassandra Nova (Emma Corrin), irmã gêmea de Charles Xavier.

Ryan Reynolds e Hugh Jackman formam uma das melhores duplas da Marvel

Marvel Studios

Existem pessoas que nasceram para fazer determinado papel, e as provas disso são Ryan Reynolds e Hugh Jackman. Sim, o filme é cheio de participações especiais que vão surpreender o público (na minha sessão teve gente levantando da cadeira para aplaudir, era empolgação quase nível Andrew Garfield e Tobey Maguire em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa). Porém, a grande força do longa é a parceria de Deadpool e Wolverine; e dos astros que pegaram sua amizade de fora das telas para construir uma dupla dinâmica na Marvel.

Ambos os personagens já são bem amados pelo público, mas era difícil fazer um encontro deles sem estragar o final primoroso de Logan, que trouxe uma conclusão mais do que satisfatória para o X-Man. Por mais que Deadpool ria na cara do perigo e não tenha limites para zoeira, esse arco de Wolverine não é ignorado, muito pelo contrário. Ele ri disso? Claro. Porém, o filme acaba sendo uma homenagem ao legado do personagem de Hugh Jackman e da jornada dos X-Men nas últimas duas décadas.

Por um lado, temos Ryan Reynolds mais afiado do que nunca, colaborando até no roteiro para retomar o charme ácido de Wade. Do outro, temos Hugh Jackman entregando mais uma bela performance dramática dessa versão trágica de Wolverine. Juntos, a combinação ketchup e mostarda do universo Marvel é uma dupla improvável que rouba corações. A química entre eles é inegável e, sem ela, não haveria filme.

Sangue e piadas: o melhor de Deadpool volta no terceiro filme

Marvel Studios

Após os bem-sucedidos Free Guy e O Projeto Adam, Reynolds e Levy formam uma nova parceria sagaz. As tiradas sarcásticas de Deadpool não têm limites: brincam com a “fase ruim” da Marvel, as regras de Kevin Feige e Disney; tudo isso com um humor bem focado para maiores de idade.

Já as cenas de ação são brutais, com coreografias legais, abusando de sangue e pedaços humanos que voam pela tela. A sequência inicial, com uma briga ao som de “Bye Bye Bye” do N’SYNC, é impecável para quem cresceu nessa geração. Por falar nisso, a trilha sonora desse filme é um destaque à parte: desde Avril Lavigne até Green Day, passando por musicais como Grease e O Rei do Show (estrelado pelo próprio Hugh Jackman, cujas habilidades vocais também viram piada no filme). Até culminar nas grandes cenas envolvendo “Like a Prayer”, de Madonna. Não darei spoilers, mas é épico.

Além disso, temos participações especiais e referências presentes o tempo todo. Se o próprio Deadpool fica surpreso em ver certas pessoas ali, imagine o público! Todas elas retomam algum legado ou trazem algo sempre esperado pelos fãs, então o filme sabe dar importância a esses convidados. Felizmente, o melhor deles já foi revelado, então posso falar aqui: a cachorrinha DogPool é perfeita!

Nem tudo é perfeito no mundo de Deadpool

Marvel Studios

Infelizmente, não é possível ignorar certas repetições presentes no roteiro - Deadpool, literalmente, faz piada sobre o tempo de duração do longa. Mas reconhecer o problema não o soluciona. Para um filme de duas horas, alguns momentos parecem meio arrastados, ao mesmo tempo que outras situações viram recorrentes para tentar fugir desse problema e manter a atenção do público. Deadpool & Wolverine não é um filme tedioso, longe disso. Mas você sente o tempo passar. Outro defeito fica por conta dos efeitos visuais, que não passam despercebidos em uma tela grande.

Por fim, algo que pode chatear os fãs mais apaixonados pela franquia Deadpool é a pouca presença dos personagens coadjuvantes já vistos nos dois filmes originais. Tirando Vanessa, Pete (Rob Delaney) e Blind Al (Leslie Uggams); outros veteranos como Dopinder (Karan Soni), Colossus (Stefan Kapicic) e Míssil Adolescente Megassônico (Brianna Hildebrand) devem ter menos de 5 falas cada.

Deadpool & Wolverine é o filme que vai salvar a Marvel?

Marvel Studios

As Fases 4 e 5 da Marvel não foram tão populares como a anterior, apesar de ter grandes obras como WandaVision, Shang-Chi, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, Ms. Marvel e Guardiões da Galáxia Vol. 3. Então, é melhor se preparar para ouvir como Deadpool & Wolverine é “o filme que vai salvar o MCU”. Bem, financeiramente, essa frase não é equivocada, pois realmente será um sucesso. Mas sejamos sinceros, ele não será bom só porque uns fãs haters decidiram que os outros projetos da Marvel foram ruins (o que ainda é um debate mais profundo a ser feito em outra hora).

Deadpool & Wolverine traz o encontro de dois personagens amados. De herois que, literalmente, mudaram as vidas de Ryan Reynolds e Hugh Jackman. Não é pouca coisa. O mundo estava esperando por essa reunião e a equipe por trás do filme sabe disso. Esse longa abre as portas para novos passos no MCU, mas não esquece tudo que foi construído na extinta Fox. É uma carta de amor aos fãs verdadeiros que apreciam cada detalhe. Sim, é importante ver o Hugh Jackman usando o uniforme amarelo do Wolverine! Só é preciso ter cuidado para não viver numa nostalgia eterna sem apreciar o presente.