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PEDRO MARQUES NETO
1 crítica
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5,0
Enviada em 18 de maio de 2024
Um filme poético sobre um tipo riquíssimo de produção poética do Brasil. Para além da filmagem sensível e bonita, o filme não deixa de documentar o contexto social desse ambiente marcado pela poesia oral.
O diretor Petrônio Lorena, músico e cineasta pernambucano, em uma obra visceral, nos leva à uma viagem poética no universo do repente e dos cantadores nordestinos. A temática é o reflexo de suas vivências e paixões a partir de sua terra natal, Serra Talhada. A quantidade de material captado ao longo de anos pelo diretor daria para mais outros filmes. No entanto, a montagem é bem objetiva e construída com simplicidade e precisão, colocando o expectador bem próximo destas conversas que, por muitos momentos, esquecemos que são entrevistas. O encontro dos protagonistas/entrevistados dá-se com uma naturalidade ímpar, onde a posição dos poetas e amantes da poesia, ao redor de uma mesa, revelam a intimidade, simplicidade e veracidade dos depoimentos. É um enlace entre a vida pacata e sem pressa e a genialidade e profundidade das mentes destes artistas. Negando as rotulações que é uma cultura em extinção, o diretor Petrônio localiza em uma região de fronteira entre a Paraíba e Pernambuco, amantes desta cultura que, sem dificuldade, revelam o que em mente guardam com orgulho de muitos poetas do passado. Em uma insurgência bem democrática de narrações e declamações a viagem poética vai revelando valores do presente e do passado. De maneira natural busca mostrar a essência destes poetas nordestinos. Apesar do repertório ser, em sua maioria, de versos antigos e causos passados, a vívida memória é bem fotografada nos detalhes, nos silêncios e nos ruídos de uma obra que capta a narrativa crua presente, em busca do futuro. Ao final, Petrônio de Lorena nos presenteia com um inesperado psicodelismo. Possivelmente uma imersão na dimensão universal deste mundo particular. São as sequências finais um ensaio muito louco, saindo deste documentário e entrando em vídeo clipe com experimentalismo propositivo, onde a universalidade da música não deixa uma viajem como esta ficar em lugar comum. Um filme com sequências de saudosismo que não chegam a ser piegas, nem melosas nem de amarguras. As emoções se estabelecem em sintonia com as lembranças dos entrevistados. Um destaque para a poetisa, Severina Branca, de quem Petrônio tirou o título do filme.
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