Viver é um pulo de coragem
A Pixar sempre aliou inovação tecnológica com histórias originais e criativas no seu catálogo. Mas sua nova produção Soul foi fora de todas as expectativas, está além de tudo o que esperávamos do estúdio, que a partir do lançamento de Divertida mente, pareceu começar um novo horizonte em suas animações.
Divertida Mente foi a primeira produção de Pete Docter, sem ter os dedos de John Lesseter, o figurão dos grandes sucessos da Pixar. O longa foi o primeiro feito com esta fórmula nova, com vibração para o público jovem, mas voltando sua atenção também para o público adulto, em subliminares mensagens.
Segurem-se nas cadeiras: Estamos prestes a ir para o infinito e além.
Soul é um filme que fala sobre o que nos move, nossas motivações, aspirações e qual relevância damos a ela. Para tornar esta discussão palpável, usaram a música para ser veículo motivador, e ela merece um parágrafo a parte:
Joe Gardener é um músico que vive a sua arte. A música o inspira, e ela conforme vai aparecendo no longa, consegue também nos inspirar. O protagonista é um apaixonado por jazz, e aqui foi uma das grandes sacadas do filme: Aliar o vernáculo ‘’Soul’’, a seus sentidos textuais: Soul pode significar alma, como também um estilo musical negro-americano, com fortes raízes africanas.
O estilo musical só tem êxito, quando é tocado com sensibilidade, com o coração, ou seja, com alma.
O jazz é um estilo sem muitas regras, muito livre, leve e solto. O jazz sempre pede do seu instrumentista, entrega, leveza, pede sempre para se perceber o clima do que está sendo tocado, nos levando a fluidez da música. Para maiores informações sobre leveza e fluidez musical, busque por Duke Ellington ‘’In a Sentimental Mood’’ ou Thelonious Monk ‘’Round Midnight’’ no seu Spotify.
O filme faz o expectador se perguntar: ‘’Qual a sua motivação?’’ Se você já tem ela, ele te pergunta novamente: ‘’O que a sua motivação, faz ser você?’’
A partir de uma cena, onde uma alma hippie navegante, um salva-almas perdidas, me fez voltar aos anos 60, relembrando algumas das personalidades que vibraram a nossa cultura: Bob Dylan ou os Beatles buscaram através da criatividade e da imaginação, a inspiração por uma vida de possibilidades.
E está aí a mensagem do filme. A vida é uma possibilidade de descobertas, cheia de criatividade, imaginação, todas elas vindas de inspiração. Só sabemos nossa motivação, se nos permitirmos experimentar o que ela tem. Não há caminho errado, há o seu caminho, único, livre!
Acho pequeno e fora do sentido que o filme busca, a crítica que li em um grande jornal, a respeito do longa. Fez citações ao redor de temas como protagonismo racial diminuindo a obra a partir de comparações dos trabalhos passados dos dubladores. Em meio a muitos pré-julgamentos e pré-conceitos para com a animação, falaram muito e não disseram nada, se esqueceram do tema, do filme. Que crítica é essa?
Críticas a parte (a crítica alheia e a crítica-sobre-a-crítica), ao meu entender, o filme descarta a realidade da brevidade da existência, de uma maneira inspiradora. E a boa vida não é isso? Um fluxo constante de buscas, motivações e realizações!?
Soul é incrível ao mostrar em uma história cativante que, viver é um pulo de coragem, onde podemos aproveitar as experiências intensamente, aproveitando cada minuto do que se vive, por quê do outro lado, ela continua.