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    Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica

    Olhe mais uma vez

    por Barbara Demerov

    Já não é nenhuma novidade: é possível encontrar diferentes tipos de mensagem pessoais e familiares em cada animação da Pixar. Viva - A Vida é Uma Festa é o filme mais recente do estúdio que aborda de forma profunda o luto e as diferentes maneiras de se encarar a morte. Mas o que é verdadeiramente interessante em filmes como Viva ou, num caso mais leve, Dois Irmãos, não é a escolha de se abordar tais temas em si; mas sim a forma como eles são aprofundados como animação e, teoricamente, em histórias "feitas para crianças". A verdade é que há muito tempo (ou, talvez, desde Toy Story) tais obras conversam com a geração de adultos de um jeito mais profundo, escondidas o bastante para que crianças não captem - ao menos enquanto elas ainda forem crianças. A abordagem de questões psicológicas sérias em Divertidamente, por exemplo, é um bom lembrete de que há muito a ser analisado e refletido.

    Dois Irmãos, segundo longa de animação dirigido por Dan Scanlon, certamente não possui uma história tão comovente no quesito luto da mesma forma que Viva, mas isso acontece apenas porque o foco da animação é mais alegre e focado no vigor da dupla de personagens principais, os irmãos Ian e Barley Lightfoot. O próprio título original já diz tudo: a palavra onward significa "para frente", diferente da revisita ao passado que a animação inspirada na cultura mexicana traz. Mas é claro que isso não significa que Dois Irmãos não seja capaz de emocionar; afinal, o universo mágico criado especialmente para esta história traz o já conhecido cuidado nos mínimos detalhes e um belo arranjo de composição visual e temática. Tal cuidado facilita a imersão sem delongas, por mais que vejamos logo de início um mundo cheio de bruxas, elfos e dragões.

    Além de bem interligada com assuntos secundários, mas que também importam no conjunto completo, o universo de Dois Irmãos é cativante. Inclusive, a escolha criativa de falar sobre jogos de magia, seja em tabuleiros ou em cartas, traz um misto de nostalgia com uma sensação de que este ainda era um território inexplorado até então. De fato, nunca uma animação do estúdio abordou este tipo de entretenimento - ainda mais tendo a façanha de incluir pontos estritamente familiares em momentos-chave. A balança entre a comédia e o drama é bem equilibrada, o que inclui dar mais espaço para a atmosfera agradável durante a missão dos irmãos do que para o real motivo para ambos estarem naquela jornada.

    E é quando a figura paterna dos Lightfoot aparece que surge o lembrete de que essa não é apenas mais uma simples história de aventura entre irmãos que passam a finalmente estreitar seus laços. Salientando a intenção de divertir simultaneamente com a de sensibilizar, está a presença de apenas uma parte do corpo do pai. Sua presença não o torna capaz de falar com seus filhos, mas ainda assim é extremamente essencial para o andar da narrativa. As pausas mais dramáticas acontecem para evidenciar a verdadeira mensagem: olhar para o lado e valorizar o que se tem. Não o que você teve ou ainda terá, mas o que você tem neste exato momento.

    Dois Irmãos não toma o caminho fácil e constrói sem pressa, pedra a pedra, sua verdadeira intenção para com o espectador. A história nos faz seguir por uma rota alternativa com buracos, dúvidas, subidas e sacrifícios. Mais uma vez, a Pixar sabe fazer com que animações aparentemente infantis se aproximem diretamente de situações pessoais, que podem atingir o espectador de surpresa por se assemelhar tanto com a realidade - ou, pelo menos, fazê-lo refletir.

    Como num game de muitas fases, a animação dá espaço para que missões alternativas andem no mesmo ritmo da missão principal. O roteiro intercala questionamentos sobre a capacidade de os indivíduos usarem ou não sua magia (o que pode ser traduzido para o mundo real em algo como usar a própria voz) e entrarem em contato com seu próprio eu. Enquanto isso, também fala sobre o peso que uma relação familiar tem - não importando se ela existe com seus pais e irmãos ou com apenas um deles. As palavras "preste mais atenção" ecoam por toda a narrativa e são trabalhadas de modo descomplicado e verdadeiro nesta animação que, de infantil, só tem uma espécie de blindagem colorida.

    Filme visto no 70º Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2020.

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    Comentários

    • Luciana F.
      Um filme mal trabalhado e bem clichê, quase não descobrimos nada de Barley, enfim... Não entendi uma crítica tão positiva do adorocinema
    • Jefferson Borges Calaça
      Achei divertido, mas mais do mesmo. No final das contas é um filme com uma grande lição e aquele final, por mais que muitos não tenham gostado, pra mim foi perfeito. Mostra como nos temos que estar satisfeitos com o que ja temos na vida. Ao inves de ficar morrendo de desejo por aquilo que nao é pra ser. Final salvou o filme pra mim.
    • Jefferson Borges Calaça
      Sabe o que significa? Que voce não ta pronto pra vida real meu amigo. Nela, voce passa anos lutando por algo e no final não sente nem o cheiro daquilo. Bem vindo a selva. O que resta é estar satisfeito com sua jornada e com o que você já tem. Ao inves de quase se matar por coisas que nem eram pra ser.
    • Jean
      O filme foi muito bom mas o final foi horrível, o desfecho não me agradou. Fiquei indignado com o resultado final e uma sensação de iinsatisfação.
    • rodrigo duarte
      Pra mim são cinco estrelas, filme perfeito!
    • ROSENI GROBERIO NEVES
      Na versão dublada uma das duas policiais insinua-se como lésbica ao tratar do assunto de paternidade. Esta assim também na versão original!?
    • Humberto Carlos B. Jj
      Acabei de assistir e achei excelente! Me diverti e me emocionei.
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