[CONTÉM PEQUENOS SPOILERS] Christopher Nolan está de volta, o diretor de "A Origem", "Interestelar", "O Grande Truque", "Amnésia" e outras obras que alguns amam e outros odeiam, por serem complexas ou didáticas demais. "Tenet" nada mais é que um palíndromo, ou seja, uma palavra que pode ser lida da esquerda para direita como da direita para esquerda, tanto faz, e isso está presente no filme que não passa de uma história de 007 com viagem no tempo, só que da forma como Nolan enxerga as coisas ou o conceito de viagem no tempo. No longa temos o protagonista (John David Wanshington), sim! Esse é o nome dele, já que o mesmo não é revelado, é um agente da CIA que tem a missão de recuperar objetos vindos do futuro, que são chamados de "inversos" e assim evitar o fim do mundo ou das realidades (e sim! É uma espécie de guerra fria pelo tempo), o protagonista conta com a ajuda de Neil (Robert Pattinson), um misterioso agente que auxilia o protagonista em sua missão. No desenrolar da narrativa temos o antagonista Andrei Sator (Kenneth Branagh), um traficante de armas (do futuro) e sua esposa Katherine (Elizabeth Debicki), que será uma ajudante do protagonista para solucionar a trama. Tenet tem uma abertura totalmente impactante, a cena inicial é tensa como a abertura de "Batman: O cavaleiro das trevas", além de ser extremamente bem filmada - a cena do avião no hangar e a luta seguinte são FANTÁSTICAS, pulei da cadeira! Parecia a cena de "Inception" no corredor. Acuidade técnica dos filmes do Nolan é um primor a parte, o diretor domina a arte de filmar e entregar cenas grandiloquentes, assim como a trilha que dessa fez não é do seu parceiro Hans Zimmer, mas sim de Ludwig Göransson (de Pantera Negra), a edição de som é bem primorosa, apesar de um certo descontrole dos graves de vez em quando. A fotografia do longa é outra belezura, Hoyte van Hoytema entrega um excelente trabalho, fechando uma equipe altamente técnica como em toda sua cinebiografia. Nolan entrega em Tenet aquilo que não entregou em seu último trabalho (Dunkirk), que para mim é seu pior filme de longe. Em Tenet temos full Nolan em suas complexidades, o filme é bem complexo, no início não tem como entender absolutamente nada do que está acontecendo em tela, diálogos rápidos e picotados, cenas de ação invertidas nas coreografias de luta, balas voltando, buracos se fechando, coisas retrocedendo e assim vai. Tudo está misturado, presente, passado e futuro, por isso o palíndromo, enquanto algo vai pra frente, outra coisa vai para trás (doidera), essa é a viagem no tempo do diretor, um 007 invertido no tempo. Você vai sair do cinema entendendo a premissa - que por sinal é básica, pois não existe um arco definido de personagens - mas com aquela sensação de ter deixado de entender algumas coisas dentro do emaranhado de conceitos físicos e filosóficos do diretor. Não é o melhor filme de Christopher Nolan, mas pelo menos aqui ele não tem vergonha de dizer quem é.
9/10 - ÓTIMO