Achei que esse filme aborda questões dignas de reflexão em alegoria da nossa própria vida.. Sem dar "spoiler", fica o questionamento de conceito de felicidade, já que magistrado, personagem feita por Mark Rylance, acredita em sua verdade ao cuidar da "bárbara", a atriz Gana Bayarsai.
Fica ainda o questionamento do que é ser "bárbaro". Cada povo enfrenta a sua verdade e, apenas ao sair da fronteira (podendo tal conceito ser interpretado como os obstáculos da vida ou limites pessoais) são colocados à prova as verdades então pré-estabelecidas.
Aqui faço uma lembrança de Platão, na história alegórica chamada de Mito da Caverna ou Alegoria da Caverna. O diálogo travado entre Sócrates e Glauco, seu interlocutor, visa a apresentar ao leitor a teoria platônica sobre o conhecimento da verdade e a necessidade de que o governante da cidade tenha acesso a esse conhecimento.
Isso porque no filme, ao irem além do que considerava conhecido pelo mapa do magistrado, todos são colocados em cheque, além de suas concepções além dos muros da fronteira. Além disso, o enfrentamento do povo nômade, que vivia à sua maneira, com os povos da fronteira que passaram a torturá-los, deu início a algo que antes parecia totalmente desnecessário: a guerra. Isso nos faz refletir sobre quando um governo interfere na soberania dos demais povos para aplicar no outro o que considera certo (verdade) em sua região. Apenas o enfrentamento do desconhecido e a real percepção do que é ser o outro é capaz de evitar os embates humanos, o que é tentado a todo momento pelo Magistrado, ao compreender o lado do "inimigo".