Uma coisa importante fica na cabeça da gente durante e após a exibição de As Viúvas, filme dirigido por Steve McQueen. No roteiro escrito tendo como base o livro de autoria de Lynda LaPlante, os homens são retratados como covardes, pois fogem das consequências de seus atos; como mentirosos; ou como pessoas que só conseguem resolver seus problemas por meio da ameaça ou da intimidação.
Não surpreende, portanto, que, no caso de As Viúvas, são as mulheres que ficam com a responsabilidade de lidarem com as consequências dos atos cometidos pelos seus maridos. A sequência inicial do longa, nesse ponto, é bastante esclarecedora. Nela, acompanhamos um grupo de criminosos liderados por Harry Rawlings (Liam Neeson), após a realização de um roubo que, aparentemente deu muito errado. Sob fogo cruzado, o grupo tem o seu furgão explodido, resultando na morte de todos.
É assim que, então, três mulheres que não se conheciam ou possuíam nada em comum – Veronica (Viola Davis), Alice (Elizabeth Debicki) e Linda (Michelle Rodriguez) – se veem diante do fato de que terão que reconstruir as suas vidas sem os maridos, que, mesmo após terem morrido, continuam causando problemas a elas – que passam a ter que lidar com cobranças de dívidas e com as ameaças daqueles a quem seus esposos roubaram.
Dessa maneira, tem-se o desenrolar da trama principal de As Viúvas, quando estas mulheres assumem o controle de suas vidas e decidem virar o jogo. Por isso mesmo, o ponto mais interessante do longa é acompanhar as transformações pelas quais passam Veronica, Alice, Linda e Belle (Cynthia Erivo), mulheres de personalidade forte e que vão sair de toda essa jornada muito mais fortalecidas para poderem enfrentar os obstáculos de suas rotinas.
Neste sentido, As Viúvas é um filme que chama a atenção pelo bom equilíbrio entre drama, suspense e mistério. Apesar das constantes reviravoltas da trama (algumas previsíveis, diga-se de passagem), é uma obra cujo roteiro segura bem as pontas, sem muitos furos (mesmo com uma trama desnecessária envolvendo uma campanha política). Além disso, conta com a presença sempre marcante de Viola Davis, que dá um show na pele de uma mulher contida, mas que está perdida e em busca de recuperar o eixo da sua vida.