Vermelho Russo: Crítica AdoroCinema

Clássico de Eduardo Coutinho, Jogo de Cena reúne diversas atrizes contando histórias de vida de mulheres reais. Na verdade, por vezes, realidade e ficção se misturam e é difícil dizer se a pessoa em cena está interpretando uma história real ou contando algo que aconteceu de fato em sua vida.

Embora deva-se evitar comparações - até para não prejudicar o novo longa -, é seguro dizer que Vermelho Russo busca beber na mesma fonte de metalinguagem teatral. Maria Manoella e Martha Nowill interpretam duas jovens atrizes que viajam para a Rússia para estudar o célebre método de atuação do russo Constantin Stanislavski.

A trama é inspirada em uma viagem real realizada pelas duas atrizes em 2009, que gerou um artigo publicado na Revista Piauí. Não fosse o bastante, todos os personagens do filme receberam os nomes de seu intérprete, comprovando a intenção de brincar com os limites de realidade e ficção.

Na Rússia, em pleno inverno, as duas vivem a dificuldade da língua, o afastamento das pessoas queridas no Brasil e a dura rotina do curso, que trabalha encenações de clássicas obras de Tchekhov, como A Gaivota e Tio Vânia. Há ainda uma referência a outra peça do grande dramaturgo russo, As Três Irmãs.

O texto de Tchekhov é bem especial, mas o filme falha em um quesito importante no que diz respeito às encenações. Não é possível notar claramente uma evolução do trabalho das atrizes com o andar do curso. A dinâmica entre as personagens, esta sim, sofre com o andar do curso e da rotina na Rússia. É particularmente interessante notar como a insegurança vai atingindo a personagem de Nowill, enquanto que Manoella busca esconder seus problemas.

O filme conta com momentos divertidos, num humor meio Encontros e Desencontros, mas tem seu foco principal no drama vivido pelas personagens. A direção de fotografia é curiosa, mas parece perdida num meio termo entre o amador e o documental.

Dirigido por Charly Braun (Além da Estrada), o longa conta ainda com participações especiais de Michel Melamed e Fernando Alves Pinto.

Filme visto durante a cobertura do Festival do Rio, em outubro de 2016.