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cinetenisverde
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3,5
Enviada em 18 de abril de 2018
Rogério Duarte era um maluco beleza, assim como Raulzito e Paulo Coelho. Mas ele não tem muitas histórias. Sua existência fica mais no conceitual e na forma. É conhecido como quem fez a capa do filme de Glauber Rocha. A forma para Rogério é o próprio conteúdo, e como artista e escritor talvez tenha razão. Seguidor do filósofo Max Bense, que analisava a realidade sob o prisma do existencialismo racional, Rogério terminou a vida sendo um velhinho religioso e comunista (parece que para dar pane na mente do povo de esquerda) e com um volume respeitável de barba e bigode brancos a lhe servir de caricatura. Seus olhos sumiam debaixo de sua boina e suas sobrancelhas que crescem para terminar o trabalho. Em seu documentário, dirigido por José Walter Lima, parece que a coisa mais interessante é deixar o velhinho falar.O resto são colagens que tentam impregnar um certo dinamismo à história – mas sem um ritmo coeso – e um roteiro que tenta a todo custo trazer à superfície o lado político da Tropicália, de Glauber Rocha e toda essa galera de vermelho. Não consegue. Duarte é muitíssimo mais interessante. Principalmente no final de sua vida (ele faleceu em 2016), onde estava na pegada do pensamento cósmico e abraçado o caos. Enquanto todos os artistas se exilavam na época da ditadura ele se escondeu no interior da Bahia, onde ninguém se importaria em procurá-lo. Como não adorar um artista que busca a arte acima de tudo e não se importa com os holofotes? Caetano e Gil dão suas graças no filme cantando duas músicas, mas a imagem que fica é mesmo a do velhinho que sabia falar alguma coisa.
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