Ternura em três contos
por Barbara DemerovComo em uma peça de teatro, a animação francesa A Raposa Má conta três histórias diferentes, mas que se complementam ao abordarem questões como as da identidade e a vontade de fazer o bem acima de tudo.
Por mais que possuam enredos descomplicados, sem muitos twists ou desenvolvimentos profundos, o filme transmite as mensagens que almeja sem dificuldade. Por meio de um visual aquarelado e colorido e através de personagens carismáticos que mesclam o lado emotivo com o cômico na medida certa, as três histórias (que são introduzidas pela raposa) cativam justamente pela simplicidade.
A primeira aventura, que conta com um coelho, um porco e um pato querendo fazer o papel de uma cegonha a fim de entregar uma bebê para sua futura família, é a mais objetiva na intenção de comoção. A segunda também fala sobre apego e a necessidade de cuidado àqueles que acabam se tornando próximos, com todo o foco dado a raposa, que aprende o que é uma família da maneira mais inusitada possível.
A última história, ambientada na noite de Natal, traz uma leveza e inocência relevante quanto ao quanto a data é significativa em termos de união e realizações. A fazenda é o ponto de encontro para todos os contos e basicamente todos os diálogos entre os animais, mas não só isso: é um local vivo dentro daquele universo e onde os personagens realmente permanecem, tornando-o seu palco para diferentes peças de teatro feita especialmente para nós, espectadores.
Os animais são encantadores cada um à sua maneira (destaque para as galinhas e sua força-tarefa para manter o lobo longe), mas é a interação entre todos e a conexão entre um conto e outro que evidenciam as sutilezas da obra. De forma sutil, A Raposa Má se comunica bem com o público e entrega uma diversão pura para as crianças, mas também rende sorrisos para os adultos.