Ao final de "A Vida em Si", filme escrito e dirigido por Dan Fogelman (criador da série "This is Us"), me lembrei muito do meu filme/livro favorito, "As Horas". Os dois longas possuem tramas que se passam em linhas temporais diferentes, porém com personagens que, apesar da gente não compreender naquele momento, possuem um elo em comum. Além disso, as duas obras se propõem a fazer reflexões sobre diferentes aspectos das nossas vidas, centrados num ponto comum: as nossas dores e o quanto elas nos impulsionam para a busca do que verdadeiramente importa - o amor, seja em qual formato ele esteja representado.
A história nos é contada por uma narradora. A narração é importante para o filme, pois, ao longo das cenas, vamos sendo apresentados a uma teoria elaborada por uma das personagens, Abby (Olivia Wilde). No seu trabalho de conclusão da graduação, ela defendeu a ideia de que os todos os narradores podem ser considerados não confiáveis, pois, quando você conta uma história, sempre existe uma distância essencial entre a história em si e o relato dessa história. Para Abby, a vida em si representa o ápice deste conceito, pois a vida constantemente nos surpreende por meio de uma jornada onde é quase impossível prever o que irá acontecer a seguir.
"A Vida em Si" é composto por cinco capítulos, que nos apresentam a personagens que estão em diversos estágios de suas vidas. Estas personagens lidam com as dores e com as alegrias de viver - como já dissemos no início desta nossa resenha crítica. A essência do que "A Vida em Si" quer nos deixar está representado na seguinte fala de Isabel (Laia Costa), a mãe de Rodrigo (Àlex Monner): "a vida te deixa de joelhos. Te leva ao ponto mais baixo que você acha que pode enfrentar. Mas, se você se levantar e seguir em frente, se você for um pouco mais adiante, você sempre encontrará o amor".
Para muitos, pode parecer uma mensagem piegas. Porém, tendo em vista o mundo muitas vezes desumano em que vivemos, um filme como "A Vida em Si" representa aquele conforto ao peito e uma dose de esperança que nos é necessária.