O filme renega o realismo em prol de uma construção estética que mistura variadas referências. Desde a concepção fotográfica que remete diretamente ao technicolor, passando por uma direção de arte que mistura o gótico com o vitoriano e todo um caráter de filme B que se apresenta, em especial, na sua montagem, The Love Witch trabalha com essas escolhas estéticas sem cair no fetiche referencial. Na verdade, tudo isso funciona muito mais como recursos práticos para estabelecer um tom alegórico que foge do realista.
Muito interessante como o filme consegue desenvolver dentro dessa alegoria um tom muito forte de desequilíbrio sentimental na relação afetiva entre homem e mulher. Toda essa mistura de referências acaba ressaltando a ideia de antíteses na qual a narrativa se desenvolve. O ponto alto disso é a cena do casamento encenado, na qual a narração em off é subvertida, não só no seu aspecto formal como também na repercussão dramática, pela inserção da voz masculina que funciona como contraponto da beleza cênica do momento.