Baseado no livro escrito por Thalita Rebouças (conhecida do público por ser repórter do programa The Voice Kids, da Rede Globo), Fala Sério, Mãe!, filme dirigido por Pedro Vasconcelos, como o próprio nome já deixa subentendido, está centrado na relação entre uma mãe e sua filha. No entanto, o que o filme oferece como diferencial é que a história nos é contada por dois pontos de vista diferentes: o da mãe, num determinado momento, e o da filha, em outro.
Ângela Cristina (Ingrid Guimarães), quando decide ter filhos com o marido (Marcelo Laham), vive uma daquelas situações em que um filho nasce após o outro. É assim que ela se vê com três crianças, quase todas vivenciando a mesma faixa etária. Quando o ponto de vista está centrado na sua visão, acompanhamos aquela fase em que o nascimento das crianças modifica toda a vida daquela pessoa, na medida em que ela passa a trabalhar em casa, em que ela transforma outras pessoas na sua prioridade, em que a vida social passa a não existir mais, em que a relação com o marido também tem que ser adaptada, em que existe aquela superproteção exagerada…
Apesar da presença constante dos três filhos, Fala Sério, Mãe! se dedica mais ao relacionamento que Ângela estabelece com a filha mais velha Maria de Lourdes (o fenômeno teen Larissa Manoela). Acompanhamos a história por meio do ponto de vista da mãe até o momento em que Ângela percebe que sua filha está deixando de ser criança para entrar na adolescência. Quando Malu começa a contar a história pelo seu olhar, acompanhamos todo o processo de amadurecimento dela, a descoberta do primeiro amor, a vivência do primeiro beijo, da primeira relação, a mudança de colégio, o nascimento de novas amizades, a descoberta de habilidades, o primeiro emprego, o desejo de viver novas experiências…. Mas, principalmente, acompanhamos a maneira como Malu vê sua mãe e todos os sacrifícios que ela se impôs pelos filhos, para que eles fossem felizes e tivessem as oportunidades que ela julgava que eles mereciam.
E é justamente por causa desse recurso narrativo, pela possibilidade que nos dá de ver as situações por diferentes prismas, que Fala Sério, Mãe! acaba sendo um filme surpreendente. Se você já vivenciou esse tipo de relacionamento, seja na posição de mãe ou na posição de filha, é impossível não se identificar com Ângela e com Malu. A gente já esteve na pele delas, em algum momento de nossas vidas. Nesse sentido, os méritos também vão para as excelentes atuações de Ingrid Guimarães e de Larissa Manoela. Esse é um filme para ser visto por mães, por filhas, por mães-filhas, por filhas-mães, por toda a família!