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    O Estado das Coisas
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    O Estado das Coisas

    Problema de gente branca

    por Lucas Salgado

    Apesar de ser conhecido mais como ator e comediante, Ben Stiller também tem um belo trabalho como diretor nos últimos tempos, principalmente em A Vida Secreta de Walter Mitty, que reúne muito bem elementos do drama e comédia. O Estado das Coisas não é um filme dirigido por Stiller. Mas poderia. O longa segue bem a pegada do ator, numa postura cômica, mas também melancólica, quase depressiva.

    Curiosamente, o filme é dirigido por outro ator conhecido pelo trabalho no humor, Mike White, o amigo de Jack Black em Escola de Rock. Ele já havia se destacado com a série Enlightened e, aqui, faz um bom trabalho.

    Stiller vive Brad, um sujeito de classe média alta, que estudou numa universidade badalada e que consegue dar uma boa vida para o filho e a esposa. Ele, no entanto, não se sente um vitorioso e está constantemente se comparando aos amigos, a maioria mais bem sucedido. Enquanto leva o filho para conhecer opções de universidades para estudar, ele busca lidar com tais sentimentos e com o fato de que se distanciou dos amigos.

    Brad é a mais perfeita face do white people problem (problema de gente branca, na tradução literal). O filme, inclusive, assume o risco de se contaminar por essa característica ruim de seu protagonista, sempre "reclamando de barriga cheia". No entanto, de forma honesta, consegue trabalhar bem seu personagem, refletindo sobre seus problemas, mas também deixando claro que alguns questionamentos são pra lá de exagerados e unidimensionais.

    O jovem Austin Abrams se destaca na pele do filho de Brad, um menino com personalidade e que questiona algumas das atitudes do pai. Michael SheenLuke Wilson e Mike White vivem os amigos famosos e ricos de Brad, enquanto que Jenna Fischer interpreta a esposa dele.

    Brad's Status (no original) conta com roteiro de White, que trata bem e desenvolve seus personagens. É interessante notar a forma como ele oferece a visão parcial de Brad sobre seu mundo, mas também insere situações que fazem os espectadores analisarem por conta própria aquela realidade. Isso fica claro em uma cena entre Stiller e Sheen, em que o segundo não consegue entender os conflitos e problemas que o primeiro vivia/criou em sua cabeça.

    É uma obra irregular, bobinha, mas que ganha força na boa presença melancólica de Stiller.

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