O filme Wicked: Parte 1 (2024), dirigido por Jon M. Chu, apresenta uma adaptação visual impressionante do icônico musical da Broadway, mantendo sua essência emocional e temática. Baseado no romance de Gregory Maguire, que reimagina o universo de O Mágico de Oz sob uma perspectiva mais complexa, o filme combina música, fantasia e narrativa política em um espetáculo visual e sonoro.
Enredo e Narrativa
O filme cobre o primeiro ato do musical, concentrando-se no desenvolvimento da amizade entre Elphaba (Cynthia Erivo) e Galinda (Ariana Grande) enquanto ambas navegam pelos desafios em Shiz University e a intriga política em Oz. Elphaba, marcada por sua pele verde e talento mágico, enfrenta preconceito e descobre segredos perturbadores sobre o regime do Mágico (Jeff Goldblum) e sua conselheira, Madame Morrible (Michelle Yeoh). A trama aborda questões como opressão, corrupção política e o preço da integridade, enquanto constrói o caminho de Elphaba para se tornar a Bruxa Má do Oeste.
O roteiro, escrito por Winnie Holzman e Dana Fox, mantém os diálogos afiados e a fidelidade ao material original, enquanto se expande em nuances emocionais e políticas que dão profundidade ao universo de Oz. A abordagem humaniza Elphaba, transformando-a de antagonista clássica em uma figura trágica e empática.
Atuações
Cynthia Erivo entrega uma performance poderosa como Elphaba, capturando tanto sua vulnerabilidade quanto sua força intransigente. Sua interpretação de "Defying Gravity" é um dos momentos mais emocionantes do filme, encapsulando a jornada de autoafirmação da personagem.
Ariana Grande surpreende como Galinda, equilibrando momentos de humor com uma transição convincente para a maturidade emocional. A química entre Erivo e Grande é palpável, tornando crível o vínculo entre as duas personagens centrais.
Os coadjuvantes também se destacam, especialmente Michelle Yeoh como Madame Morrible e Jeff Goldblum como o Mágico, ambos projetando uma combinação de carisma e ameaça. Jonathan Bailey, como Fiyero, adiciona um charme despreocupado ao triângulo emocional.
Direção e Produção
Jon M. Chu demonstra habilidade em traduzir a grandiosidade teatral para o cinema, aproveitando ao máximo os recursos visuais e musicais. A direção aposta em cenários elaborados e efeitos visuais sofisticados, que criam uma Oz vibrante e ao mesmo tempo carregada de mistério. A cinematografia enfatiza o contraste entre as atmosferas de Shiz, o Palácio Esmeralda e os desertos do Oeste, refletindo a jornada interna de Elphaba.
As escolhas musicais mantêm a fidelidade às composições de Stephen Schwartz, com arranjos orquestrais exuberantes que dão nova vida a canções icônicas como "The Wizard and I" e "Defying Gravity".
Temas e Relevância
Wicked: Parte 1 não é apenas uma fantasia musical, mas uma narrativa sobre resistência contra a opressão e os perigos do poder desenfreado. A história de Elphaba ressoa com questões contemporâneas, como discriminação e manipulação política, tornando-a relevante para além de seu contexto fictício.
Crítica
Embora o filme impressione visual e emocionalmente, sua divisão em duas partes deixa a narrativa incompleta, com um clímax poderoso, mas abrupto. Isso pode frustrar espectadores que esperam um arco mais fechado. Além disso, alguns personagens coadjuvantes, como Nessarose (Marissa Bode) e Boq (Ethan Slater), têm desenvolvimento limitado, deixando espaço para mais exploração na segunda parte.
Wicked: Parte 1 é uma adaptação cinematográfica de tirar o fôlego, que respeita o material original enquanto amplia sua relevância. Com performances memoráveis, direção criativa e uma trilha sonora arrebatadora, o filme é uma celebração da complexidade humana e da magia do cinema. Apesar de sua estrutura incompleta, a obra prepara o terreno para um desfecho épico na segunda parte, deixando os fãs ansiosos pelo que está por vir.