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    Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio

    Eficácia sem excelência

    por Kalel Adolfo

    É inegável que Invocação do Mal tenha se tornado uma das principais franquias de terror dos últimos tempos. Idealizada por James Wan — que também proporcionou obras importantes para o gênero como Jogos Mortais — The Conjuring elevou o patamar do horror mainstream, transformando uma narrativa saturada de casa mal-assombrada em um grande espetáculo com sustos inventivos, aspectos técnicos arrojados e performances estrondosas.

    Consequentemente, a qualidade da obra acabou rendendo inúmeros derivados de sucesso como Annabelle e A Freira, frutos do universo complexo criado por Wan. Portanto, quando foi anunciado que o cineasta não iria comandar o terceiro capítulo de Invocação do Mal, grande parte do público ficou receoso.

    Porém, a boa notícia é que o diretor Michael Chaves — do questionável A Maldição da Chorona — conseguiu dar continuidade à saga de forma bem-sucedida. Além de entregar as sequências macabras e inovadoras que já viraram marca registrada da franchiseInvocação do Mal 3 - A Ordem do Demônio traz algumas mudanças bem-vindas a este mundo. Uma delas é o tom investigativo extremamente cativante que domina boa parte do roteiro.

    Proposta é tão absurda que prende o espectador logo no início

    Baseada em fatos reais, a história acompanha Arne (Ruairi O'Connor), que foi acusado de homicídio após esfaquear um colega. No tribunal, ele alegou que cometeu o crime por conta de uma possessão demoníaca. E é aí que entra Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga): na época, o casal de investigadores paranormais estava envolvido com o caso, e decidiu ajudar a provar a inocência do rapaz.

    A premissa é tão absurda e interessante, que é impossível não embarcar nesta jornada logo no primeiro ato. E claro, a abordagem investigativa faz com que o desenrolar da trama fique ainda mais cativante. A cada minuto, novos questionamentos são levantados, criando uma teia de teorias que engaja o espectador de forma objetiva e eficaz.

    Nos filmes anteriores, o foco de James Wan era retratar e solucionar os eventos sobrenaturais que acometiam as famílias. Mas aqui, a dramatização do paranormal é deixada de lado, dando espaço a uma experiência que está sempre brincando com o nosso senso de curiosidade.

    Investigações e teor sóbrio da trama não ofuscam os sustos

    Claro, os jumpscares inventivos pelos quais a franquia é conhecida continuam — e muito — por aqui. Os primeiros minutos servem como uma espécie de releitura sufocante de O Exorcista, referenciando cenas icônicas do clássico como a chegada do padre na casa da família MacNeill e o body horror genial executado por Regan (Linda Blair).

    Além disso, a direção de arte e edição não desapontam: através de cores, luzes e cortes perspicazes, a equipe de produção consegue criar sequências imersivas que colocam o público na pele dos personagens. Um highlight fica para o momento em que Arne é instigado a matar Bruno, e acaba adquirindo uma visão paralela — e sinistra — da realidade. 

    Outro destaque fica para os stunts: Ao invés de utilizar computação gráfica, o longa opta pelos efeitos práticos para potencializar a veracidade do projeto. 

    Elenco secundário é competente, mas pouco aproveitado

    Não é novidade que Vera Farmiga e Patrick Wilson são a alma e o coração do universo Invocação do Mal. Até porque, a empatia que sentimos pelo casal é essencial para fazer a história funcionar em um nível emocional.

    Porém, o terceiro volume da saga acaba perdendo algumas oportunidades ao deixar Sarah Catherine Hook (Debbie) e Ruairi O'Connor (Arne) de lado. A principal delas é não dar ênfase ao processo jurídico que ajudou Arne a escapar da pena de morte.

    Como o acusado se defendeu no tribunal e quais foram as provas apresentadas pelos Warren são algumas das questões que ficam em aberto, dando um ar de incompletude ao roteiro. Filmes como O Exorcismo de Emily Rose conseguiram — com maestria — abordar o sobrenatural e o real, sem que um arco ofuscasse o outro. Mas em The Conjuring 3, isso simplesmente não acontece.

    Direção espalhafatosa deixa pouco espaço para a imaginação

    Criar uma atmosfera misteriosa e sugestiva para nos surpreender com algo chocante é a receita de sucesso desta continuação. Porém, quando nos aproximamos do desfecho, a direção adota um estilo espalhafatoso, trazendo sequências desnecessariamente grandiosas que deixam pouco espaço para a imaginação.

    Enquanto exagera ao saturar os traços sobrenaturais, a produção é tímida em proporcionar violência gráfica, especialmente em uma obra que gira em torno do ocultismo. Um conceito tão controverso poderia ter sido fácilmente intensificado através do gore

    Terror competente que não excede as expectativas

    De forma geral, Invocação do Mal 3 é uma adição satisfatória na franquia. Apesar de inicialmente tentar replicar a fórmula narrativa de James Wan, a história encontra fôlego para apostar em direções inéditas, entregar novos sustos e entreter com bastante competência (e poucas pretensões).

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