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    Antonia.
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Antonia.

    Beleza explorada

    por Lucas Salgado

    Entrei para a sessão de Antonia. sem saber muito sobre o filme, o que muitas vezes é o ideal. Antes mesmo da metade do filme, fiz uma aposta comigo mesmo. "Este filme foi dirigido por um homem", pensei. E não deu outra: Ferdinando Cito Filomarino é o nome do sujeito. A razão para esta certeza era uma só: o longa faz questão de explorar ao máximo a sensualidade e a sexualidade da protagonista Linda Caridi. É uma produção sobre descoberta do sexo e da vida para uma jovem garota de Milão, na Itália. E tudo é retratado sem qualquer dose de feminilidade. 

    Isso significa que um homem não pode dirigir um filme com uma protagonista feminina? De forma alguma, mas Filomarino não demonstrou sensibilidade para tanto, apresentando um olhar voyeurístico. Não há o interesse em se transmitir o sentimento da mulher em cena, mas explorar ao máximo seu corpo e sua beleza. São vários os momentos de nudez frontal, inclusive uma sequência em que a atriz se contorce nua na cama diante de uma música alta e moderna. Em outra cena, ao fazer sexo com um rapaz, vemos ao máximo o corpo dela, enquanto a câmera esconde o corpo do homem.

    Falando em sexualidade, o filme ainda sofre com um tipo muito comum e desnecessário de ejaculação precoce, que é o letreiro inicial explicando a história da garota. "Antonia Pozzi foi um dos maiores nomes da poesia italiana. Sua obra foi publicada após sua morte", diz o letreiro de abertura. Com apenas duas frases, o longa já dá ao espectador o que esperar. Sem dúvida, vai morrer jovem e infeliz, jamais será uma artista completa em vida. Agora eu pergunto: qual a necessidade do filme entregar isso de cara? Pensando que boa parte do público não conhece toda a história de vida de Pozzi, não seria mais interessante deixar algumas pessoas se surpreenderem?

    Quadrado e artificial, Antonia. escapa de ser um total desastre por causa de sua protagonista. Além de bela, Caridi apresenta uma leveza e uma sensibilidade importantes para a personagem. Infelizmente, não recebe um roteiro que a faça brilhar.

    Com uma trilha onipresente e que tenta a todo momento forçar um tipo de sentimento ao espectador, o longa conta a história de uma poeta, mas o faz se explorar o processo artístico e suas inspirações. É interessante como pontualmente apresenta trechos de suas obras, mas o faz sem dar a devida importância narrativa. 

    Ao final, nos deparamos com uma cena dramática que era mais uma vez o tom por causa da tentativa do diretor de explorar o corpo da jovem. Antonia Pozzi se apresenta como uma personagem que merece sim um filme sobre ela. Mas vai ter que ser OUTRO filme. 

    Filme visto durante a cobertura do 5º Olhar de Cinema de Curitiba, em junho de 2016.

    Filme visto durante a cobertura do 5º Olhar de Cinema de Curitiba, em junho de 2016.

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