Bela crítica social, que vai ao inverso das volições e pensamentos da esquerda-liberal, a tradição sendo bem expressada, a força uníssona do povo, o ódio sendo aplicado à catarse popular.
Uma parte do filme, talvez ignorada pela maioria, em que Terry pede aos dois sicários brasileiros cooptados pelo bando, que cochichavam em português um ao outro, 'para que não falassem em brasileiro'. Por mais que nosso país atraia uma multitudinária de turistas, muitos mal conhecem qual nosso idioma.
Além de o filme bem tratar de questões político-econômicas, históricos e sociológicos, trata da questão antropológica.
A negação do bando em enxergar humanidade naquilo que vê como selvagem, a animalização do povo brasileiro, tolhido de quaisquer características civilizacionais. E, diga-se de passagem, retrata todas essas questões sem necessitar discorrer demasiadamente, em certo momento o patente fica latente, mas sempre presente.
Somos gigantes, mas apequenados pelo caminho que escolheram; temos nossa cultura, tradição, orgulho pátrio roubados e, mais que isso, fustigados.
Películas que tratam bem as culturas e tradições deste nosso povo alegram-me a alma, caso de Bacurau.
Aos que creditam factualidade ao mito da cordialidade, da passividade, decerto desgostarão da película em questão.