"Depois a louca sou eu" é esse filme que explora toda a angústia e o tormento que andam lado a lado da ansiedade. Após assistir esse filme, vai ficar claro que ela não acontece por escolha, mas por uma soma de inúmeros fatores que vêm de uma vida inteira.
A Débora Falabella é a protagonista que entrega uma atuação maravilhosa e chocante! Fiquei incomodado em quase todo o filme.
Dani é a personagem principal, uma jovem adulta que sofre desde a infância com uma doença que nunca quis lidar. A mãe, por sua vez, a colocou numa bolha, impedindo-a de viver, de experienciar, de conquistar, de quebrar a cara. Então, o que sobra pra Dani é ter medo de tudo: medo de sair de casa, medo de encontrar pessoas, medo de viajar, medo de trabalhar.
Ela só enxerga uma saída, que é se entupir de remédios fortes sem uma administração responsável, o que gera um enredo assustador!
A direção do filme, Julia Rezende, traz uma história única, de uma jovem frágil, mas ao mesmo tempo corajosa por enfrentar seus medos. E o foco na relação entre mãe e filha pode garantir alguns sentimentos de familiaridade. É apenas no lugar da família, das raízes da protagonista, é que ela poderá se soltar de suas amarras.
O filme mostra que o importante é saber administrar tudo o que tá dentro da gente. Com ou sem ansiedade, a vida continua com os nossos defeitos e as nossas qualidades. Quando Dani interrompe o uso indiscriminado de remédios, ela abandona a sua torpez, ela passa a ser independente. Com isso, ela passa a viver, ela começa a gozar (sentindo o prazer da vida mesmo que ainda sinta medos).
Afinal, a gente é isso... Um saco de bolinhas de gude, amarrado com barbante. Um saco que a gente carrega com cuidado, apertado, suando. Não podemos abrir, não podemos fechar, não podemos perder, não podemos dar, não podemos ganhar. Somos as 70 bolinhas de gude, independentes e desmembradas, nenhuma a mais, nenhuma a menos.