Sem amor é um filme que toda a sociedade moderna deveria assistir. Deveríamos agradecer ao Andrey Zvyagintsev (que inclusive, só tem feito grandes trabalhos) por conseguir, com riqueza de detalhes e com muita sensibilidade e minuciosidade, retratar o quanto bestializados estamos. Eu consegui ver crítica a todas as esferas sociais. A família, a sociedade fútil, aos falsos moralistas, a decadência de serviços públicos...o filme é um tudo do mundo dentro dele mesmo. A mãe que tem problemas emocionais não tratados,mas nas redes sociais parece se mostrar feliz e bem vivida, aos relacionamentos supérfluos e rasos, ao homem que não sabe mais reconhecer a sua postura de homem, a polícia que só quer saber de formalizar questões, a um casal egoísta e negligente, e no meio disso tudo, um grupo de voluntários que se importa. Finalmente, em algum momento, surgiram alguns remanescentes que se importavam. Sem amor me fez pensar que amor é se importar, sobretudo. Quem se importa, ama, cuida, zela. E como o namorado da atriz principal diz no filme ''é impossível viver sem amor'', acredito que tenha sido isso que fez o garoto, que já era ''desaparecido'' da vida dos pais, desaparecer da sociedade. Estamos perdendo as pessoas todos os dias por isso, e não estamos nos dando conta, porque nossas redes sociais e prioridades estão cheias de assuntos. Porque estamos cheios de nós mesmos, mas vazios uns com os outros, uns pelos outros. Amor é multiplicado, é impossível viver um amor gelado, espelhado apenas em si mesmo. Assim, isso não seria amor, seria um tipo de narcisismo. Esse filme é uma verdadeira obra-prima e todas as pessoas deveriam ser obrigadas a assistir e refletir sobre...Eu precisei assistir 2 vezes pra digerir tamanha intensidade.