O maestro brasileiro João Carlos Martins é sem dúvida um homem de extraordinário talento. Aqui em sua cinebiografia, fica mais que claro seu talento frente ao piano. As dificílimas peças que ele toca são apresentadas de maneira visceral. Um verdadeiro caso de amor e busca pela perfeição. O filme narra a trajetória de João desde criança, com seu primeiro contato com o piano, e vai progredindo por sua juventude até a maturidade. E além da música, mostra-se também a paixão de João pelo futebol, e principalmente pelas mulheres. O filme tem um roteiro muito bem amarrado e que prende o espectador. A qualidade técnica do filme salta aos olhos, tornando-o muito bonito de se ver. Fotografia e direção de arte estão de parabéns, além, obviamente, de toda trilha sonora e direção musical. O elenco tem destaques óbvios para Alexandre Nero, que praticamente só aparece no terço final do filme, e Rodrigo Pandolfo, que interpreta o maestro em sua juventude. Os atores parecem ter se entregado de verdade ao que lhes cabe: dar vida a um homem real, de carne e osso, e com enorme talento. Alinne Moraes e Fernanda Nobre também se destacam como algumas das mulheres que se envolveram com João. Caco Ciocler, sempre bem em cena, também tem seus bons momentos como professor de piano. Mas apesar de toda qualidade técnica e visual, e a bela história que conta, o filme acaba por se tornar estranhamente frio e por vezes sem fôlego. Quando foca na aptidão musical de João, o filme é excepcional. Mas quando foca em seus problemas pessoais, o filme meio que parece perder a fluidez. Não é um filme que ficará marcado na memória. Trata-se de um belo filme, que merece aplausos, porém não emociona como poderia. Não deixa de ser prova que o cinema brasileiro tem ótimos exemplares e, quando quer, consegue contar boas histórias de forma extremamente profissional e caprichosa. Mas ficou faltando aquela pitada de sal para que o resultado não ficasse levemente insosso.