Quando uma mulher recebe a notícia de que será mãe, com certeza, ela será envolta de muitos sentimentos. Alguns positivos, alguns negativos, sensações de medo e de ansiedade… Talvez, o que ela ainda não se dê conta é o quanto que a vida dela e das pessoas ao redor dela irão mudar com a chegada desse novo ser.
Quando Tully, filme dirigido por Jason Reitman, começa, Marlo (Charlize Theron) já está prestes a ter seu terceiro filho. Então, ela já tem uma ideia do que esperar. Entretanto, como vamos percebendo, ela tem muitas coisas com as quais lidar – e que são tão ou mais importantes do que a chegada de um novo bebê: um marido (Ron Livingston) que acaba de ser promovido e está cheio de novos desafios no trabalho; uma filha mais velha (Lia Frankland) que está entrando naquela fase em que começa a se cobrar demais; e um filho (Asher Miles Fallica) que é tratado como uma criança peculiar, por causa de seus modos, mas que ainda não recebeu um diagnóstico concreto sobre qual a sua verdadeira condição.
Talvez, ao perceber o emaranhado de coisas com as quais Marlo tem que lidar, seu irmão Craig (Mark Duplass) tem uma brilhante ideia: a de presenteá-la com uma babá noturna, profissional que chega na residência da mãe às 22h30, para poder cuidar do bebê recém-nascido, enquanto a mãe aproveita de uma boa noite – e merecida – de sono. A dinâmica entre Marlo e Tully (Mackenzie Davis), a tal babá noturna, é um dos melhores elementos deste filme, na medida em que a protagonista encontra na jovem a empatia, o acolhimento e o apoio que um momento delicado como esse exige.
Tully pode ser encarado como um filme que nos mostra a verdade nua e crua da maternidade. Ao vermos a transformação da rotina de Marlo, numa sequência de cenas que nos revelam o quão extenuante pode ser isso, passamos a perceber como a maternidade é um momento extremamente solitário – e humano – na vida de uma mulher. Neste sentido, além de uma parceria novamente acertada entre Diablo Cody e Jason Reitman (que já nos presentearam com Juno e Jovens Adultos), temos a delicadeza das atuações de Charlize Theron e de Mackenzie Davis, representando a sororidade feminina em seu nível máximo.